Título: Defeito no software pode ter causado tiro em navio
Autor: Alexandre Galante
Fonte: O Globo, 06/12/2004, O País, p. 8

Uma falha no software que controla os canhões de 40 milímetros de seu armamento pode ter sido a causa do tiro disparado pelo contratorpedeiro ¿Sarandi¿, da marinha argentina, contra a fragata ¿Rademaker¿, na semana passada. A falha já havia sido detectada anteriormente em canhões do mesmo tipo. O acidente ocorreu durante as manobras da Operação Fraterno, que reuniu embarcações das marinhas argentina e brasileira, no litoral sul do Rio de Janeiro.

Um problema com o software usado pelo mesmo tipo de armamento foi detectado num exercício naval com munição de verdade no litoral sul da Argentina, na altura da Terra do Fogo, em 1996, com a corveta ¿Spiro¿ e outros navios. A corveta, da Marinha da Argentina, também participou das manobras em que houve o acidente na semana passada.

Canhões de corveta giraram sem controle

Os canhões de 40 milímetros da corveta ¿ do mesmo tipo dos que atingiram o navio brasileiro ¿ ficaram fora de controle, no momento em que estavam sendo preparados para atirar numa rocha a 180 quilômetros da costa. Os canhões começaram a girar, assustando os marinheiros da corveta. A falha obrigou os operadores a abortar a missão.

No acidente da semana passada, quatro militares da Marinha do Brasil e um oficial argentino ficaram feridos depois que o ¿Sarandi¿ ¿ que participava de um exercício conjunto de tiro a 300 quilômetros da costa, na altura de Cabo Frio ¿ disparou um tiro de canhão contra um alvo flutuante e móvel mas atingiu a fragata brasileira ¿Rademaker¿.

A fragata, que só foi incorporada à Marinha do Brasil em 30 de abril de 1997, participava de mais uma edição da Operação Fraterno. A operação é realizada desde 1978 em conjunto com a Marinha da Argentina e consiste em manobras e exercícios de tiro.

Além da ¿Rademaker¿, do ¿Sarandi¿ e da ¿Spiro¿, participaram das manobras o submarino ¿Santa Cruz¿, da marinha argentina, e a fragata ¿Defensora¿ e o submarino ¿Tapajó¿, da Marinha brasileira. A Marinha informou que foi aberto um inquérito policial-militar (IPM) para apurar o caso em até 40 dias.