Título: Um foro para integrar a América do Sul
Autor: Rodrigo Rangel e Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 06/12/2004, Economia, p. 18
Debatido há mais de dez anos, mas nunca posto em prática, o projeto de criar um foro político que reúna os presidentes de todos os países sul-americanos sairá do papel esta semana, em Cuzco, no Peru. Juntos para a 3 Reunião de Presidentes da América do Sul, os chefes de Estado da região lançarão quarta-feira a Comunidade Sul-Americana de Nações, que nasce com três objetivos principais: tornar mais fluido o diálogo político, ampliar as relações econômicas, principalmente entre Mercosul e Comunidade Andina, e levar adiante, de maneira conjunta, os ambiciosos projetos de integração física da região.
De pronto, os presidentes apresentarão um mapa de 30 megaprojetos internacionais considerados prioritários para a integração da região.
No encontro, os presidentes também tentarão criar um mecanismo que torne mais homogêneas as relações comerciais no continente, nem que para isso os países mais ricos sejam obrigados a ceder.
¿ Pretendemos reconhecer assimetrias. A palavra generosidade estará mais presente do que o próprio conceito de negociação ¿ afirma o diretor do Departamento de América do Sul do Itamaraty, ministro Ênio Cordeiro.
A disposição parte de uma constatação simples. Se com o Chile o Brasil mantém um superávit de US$ 1 milhão por ano, com o Equador, por exemplo, o país praticamente não negocia.
Para ampliar as relações comerciais, entretanto, é necessário estabelecer eixos comuns de infra-estrutura, como abertura e melhoria de estradas ligando os países. Os presidentes reafirmarão o compromisso de trabalhar pela obtenção de recursos necessários à execução de projetos considerados vitais. Uma das 30 iniciativas prioritárias prevê a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Paraná, ligando o Brasil ao Paraguai.