Título: Proibida a venda de 130 remédios similares
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 08/12/2004, O país, p. 13
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou ontem a lista de 130 remédios similares proibidos por não ter eficácia comprovada ou por riscos à saúde. Laboratórios e farmácias que não cumprirem a determinação de retirar do mercado os medicamentos similares de alto risco que tiveram o registro cancelado ontem poderão ser punidos com multas de até R$ 1,5 milhão. A Anvisa deu 30 dias para que os laboratórios apresentem o plano de recolhimento dos medicamentos. Se isso não for feito, os produtos poderão ser recolhidos pela própria Vigilância Sanitária.
O diretor-presidente da Anvisa, Cláudio Maierovitch, explicou que os remédios similares ¿ aqueles com o mesmo princípio ativo de medicamentos tradicionais, que passaram por testes da Anvisa ¿ tiveram seu registro cancelado por não comprovarem que fazem o mesmo efeito que o remédio original ou porque têm uma dose perto da tóxica. Portanto, perigosa para os usuários.
Ele recomendou às pessoas que se sentirem mal tomando os remédios que procurem um médico. A diferença entre similares e genéricos é que os primeiros, mesmo sendo cópias de outros remédios, têm uma marca que pode ser objeto de propaganda. Além disso, enquanto o genérico é uma cópia 100% fiel ao produto de marca, o remédio similar, apesar de ter o mesmo princípio ativo, não apresenta a mesma composição de substâncias, modo de ação, tempo de ação no organismo e absorção pela corrente sangüínea apresentados pelos produtos de marca.
Os genéricos já tiveram de apresentar os testes que comprovam a sua equivalência aos originais. Os similares são responsáveis pela maior parte do mercado de medicamentos brasileiro: existem 12.700 contra dois mil genéricos e 1.300 remédios tradicionais.
O diretor da Anvisa explicou que os remédios que tiveram seus registros cancelados são usados para tratamentos cardíacos, psiquiátricos, de neurologia, dermatologia, asma e terapias anticoagulantes (usadas para vários fins).
¿ Se o medicamento não produz o efeito desejado, esse coração (no caso de um paciente cardíaco) pode não bombear com a força necessária ou a pessoa pode continuar sofrendo de arritmia. Pode também gerar uma intoxicação ¿ disse Maierovitch.
Segundo ele, os laboratórios tiveram de junho do ano passado até o dia 1 deste mês para apresentar os estudos ¿ tecnicamente chamados de testes de biodisponibilidade relativa. O teste mostra em qual quantidade e em quanto tempo o medicamento chega à corrente sanguínea. Assim, prova ser eficiente ou não o remédio similar.