Título: Sarney também faz balanço: elogios a Lula
Autor: Cristiane Jungblut e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 17/12/2004, O País, p. 5

A menos de dois meses de deixar a presidência do Senado, o peemedebista José Sarney (AP) desdenha da possibilidade de ser presidente do PMDB, como deseja o Palácio do Planalto. No entanto, articula como nunca nos bastidores do partido, a cada dia mais dividido. Após passar o ano inteiro tentando impedir que o colega de bancada Renan Calheiros (AL) fosse seu sucessor, agora dá como certa a escolha dele para a presidência do Senado. Sobre a idéia da ala governista do PMDB de tê-lo no comando a partir de março de 2005, no lugar do deputado Michel Temer (SP), disse ontem:

¿ Já passei da idade de ser presidente de partido. Pior que isso, só ser presidente da Funai ¿ disse, sem perder a oportunidade de alfinetar Temer, que tem pretensões de voltar à presidência da Câmara dos Deputados, na condição de candidato da oposição ao cargo. ¿ Não vejo Michel Temer como nome para arregimentar a oposição na Câmara.

Num balanço dos dois primeiros anos do governo Lula, Sarney elogiou o rumo da economia e aproveitou para se vangloriar dos resultados de seu governo (1985-1990). Segundo ele, os números previstos para o crescimento deste ano (5,3%) não são alcançados há dez anos. No auge do Plano Cruzado, em 1986, lembrou, a economia cresceu 8,7%. Ele previu que, se a popularidade de Lula se mantiver, dificilmente haverá um adversário em 2006 com chances reais de derrotá-lo.