Título: Roseana deixa mandato e deve ser ministra
Autor: Lydia Medeiros e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 17/12/2004, O País, p. 8

A senadora Roseana Sarney, filha do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está pronta para assumir uma vaga no primeiro escalão do governo Lula. Ela pediu ontem licença de seu mandato por quatro meses e deve deixar o PFL nos próximos dias, tão logo o convite seja oficializado. Roseana poderá ocupar o lugar do ministro das Cidades, o petista Olívio Dutra, segundo confirmação de interlocutores do presidente Lula.

Anteontem, depois de um encontro com o chefe da Casa Civil, José Dirceu, a senadora comunicou sua saída ao líder do PFL, José Agripino Maia (RN). Como a ida de Roseana para o governo petista já é esperada no partido, o pefelista chegou a se confundir, pensando que ela pretendia se licenciar do PFL , e não do mandato.

¿ Essa opção não existe no regimento, Roseana. Você terá de sair ¿ reagiu Agripino.

¿ Mas estou me licenciando do mandato ¿ corrigiu a senadora.

Suplente já assumiu no Senado

Embora resista à idéia de deixar o PFL, Roseana não terá outra escolha ao aceitar o provável convite de Lula. Desde ontem, a conduta de oposição ao governo do PT é uma diretriz partidária, aprovada pelo diretório nacional pefelista. Fora do PFL, ela deverá ficar sem partido até a escolha de uma legenda para concorrer ao governo do Maranhão novamente, em 2006.

O Ministério das Cidades tem um orçamento de aproximadamente R$ 2 bilhões para 2005, e comanda os programas de habitação popular e saneamento, que devem dispor de cerca de R$ 15 bilhões em linhas de financiamento e recursos do FGTS.

O primeiro suplente de Roseana, o ex-deputado federal Mauro Fecury, assumiu ontem a cadeira de senador. Mas também pedirá uma licença, deixando a vaga para o prefeito eleito de Imperatriz, Ildon Marques, do PMDB. Marques, porém, só ficará alguns dias no posto: em 31 de dezembro, renuncia para tomar posse na prefeitura. Fecury é do PFL, mas estaria negociando sua ida para o PMDB, reduzindo a bancada de oposição no Senado.

Quando foi prefeito, em 1998, Marques foi condenado por improbidade administrativa, acusado de veicular propaganda oficial em emissoras de televisão locais. A publicidade, de acordo com o Ministério Público do Maranhão, vinculava a imagem do prefeito à realização da obra. Ao final, um locutor anunciava : "a Avenida Liberdade é mais uma obra da união Ildon Marques e Roseana Sarney¿. Em 2003, ele chegou a ser condenado a ressarcir R$ 12 mil aos cofres públicos e teve os direitos políticos suspensos. A ação continua a tramitar na Justiça.