Título: Lula vai defender integração sul-americana
Autor: Eliane Oliveira*, Diogo de Hollanda** e Janaína Fi
Fonte: O Globo, 17/12/2004, Economia, p. 31

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou ontem Brasília disposto a defender hoje, no discurso de abertura da Cúpula de Ouro Preto ¿ onde há exatos dez anos o Mercosul nasceu como instituição regional ¿ a integração física, econômica e política dos países da América do Sul. Apesar da morte ontem de um irmão de Lula, João Inácio da Silva Neto, a agenda presidencial estava mantida em Minas Gerais até o fim da noite.

No discurso, será destacada a necessidade da elaboração de uma estratégia para aumentar a oferta de empregos no continente. Também haverá uma menção sobre a criação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul, que será usado para financiar projetos destinados à redução das desigualdades entre os países do bloco e que, segundo o presidente, poderá servir como exemplo entre os sul-americanos.

A reunião realizada na semana passada em Cuzco, no Peru, que teve como principal resultado a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações, será outro destaque do discurso de Lula. A intenção é mostrar que há grande interesse numa integração que inclua medidas visando à inclusão social e à garantia dos direitos humanos. A criação do Parlamento do Mercosul a partir de 2007, aprovada ontem, também deve ser enfatizada pelo presidente.

As divergências internas, como as brigas comerciais com a Argentina e as diferenças políticas com o Uruguai, não deverão ser citadas. O que Lula mais quer é mostrar que o bloco está se fortalecendo e crescendo com a adesão de novos sócios e com a conclusão de acordos comerciais importantes com diversos parceiros de todo o mundo.

O presidente desembarcou em Belo Horizonte por volta das 13h. Foi para o hotel onde estavam todos os presidentes e, pouco antes de se reunir com o colega Hugo Chávez, da Venezuela ¿ com quem conversou durante uma hora e meia ¿ foi informado da morte do irmão. Lula ficou mais uma hora com o presidente da Bolívia, Carlos Mesa.

Os encontros com os presidentes do Mercosul, especialmente o argentino Néstor Kirchner, ficariam para o jantar, oferecido pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves. (E.O. e D.H.)