Título: Dólar tem alta e BC faz novo leilão de compra
Autor: Patricia Eloy e Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 17/12/2004, Economia, p. 33

A queda do euro frente ao dólar e uma nova atuação do Banco Central (BC) no mercado fizeram o dólar encerrar os negócios de ontem em alta de 0,51%, cotado a R$ 2,739 para venda. Segundo analistas, da mesma forma que a trajetória do dólar no mercado internacional foi determinante para a queda da moeda no Brasil, ontem, influenciou sua valorização frente ao real. Ontem, o dólar subiu 1,11% em relação ao euro, reflexo de um aumento abaixo do esperado no déficit em conta corrente dos Estados Unidos.

Alvo de especulações desde a manhã, quando o dólar atingiu a mínima de R$ 2,717, a atuação do BC ¿ que pela primeira vez fez leilão num dia em que a moeda já subia ¿ trouxe nervosismo e fortaleceu o movimento de alta. O BC anunciou o leilão às 15h20m, quando a moeda oscilava entre R$ 2,740 e R$ 2,744 (uma alta de 0,70% em relação ao dia anterior). Os bancos fizeram ofertas entre R$ 2,737 e R$ 2,745, mas o BC só comprou moeda até o limite de R$ 2,740. Segundo fontes do mercado, teriam sido comprados cerca de US$ 80 milhões.

Levy nega que emissão em reais já esteja decidida

O risco-país caiu 0,99%, para 400 pontos centesimais, e o C-Bond recuou 0,15%, para 101,6% do valor de face. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1% ¿ a quinta alta consecutiva ¿ e estabeleceu novo recorde em pontos: 25.831.

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, negou ontem que o governo já tenha decidido emitir bônus em reais no mercado internacional. Ele disse que a equipe econômica ainda ¿não completou sua avaliação¿ e chamou de precipitadas as avaliações feitas pelos analistas nos últimos dias ¿a partir de rumores¿.

¿ Não formulamos nenhuma ação nesta direção, por enquanto. É preciso completar a avaliação para se chegar à conclusão se há interesse e se devemos fazer ou não ¿ disse ele, depois de participar do lançamento na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) de produtos derivativos atrelados ao IPCA.

Os comentários sobre a possibilidade da emissão ficaram mais fortes depois da viagem de Levy a Washington, nesta semana, onde se encontrou com investidores estrangeiros e com o subsecretário do Tesouro dos EUA para Assuntos Internacionais, John Taylor. No relato de Levy, os investidores estão ¿bastante otimistas¿ em relação ao crescimento econômico no Brasil e sugeriu que, independentemente de uma emissão de títulos no exterior, esses investidores poderiam adquirir os papéis já negociados no Brasil.

Inflação pelo IGP-M sobe na segunda prévia do mês

Para ele, o lançamento ontem de novos produtos financeiros atrelados ao IPCA será um instrumento importante para mudar o atual perfil da dívida pública, diminuindo a participação de papéis que têm como referência os juros no curto prazo, caso da Selic. Foram criados os produtos Futuro de IPCA (futuro do número índice de inflação), Futuro de Cupom de IPCA (taxa de juros indexada ao IPCA) e opção de compra e de venda sobre Futuro de Cupom de IPCA.

¿ Faz parte de nossa estratégia para, na medida da recuperação do ambiente econômico, melhorar o perfil da dívida ¿ afirmou Levy.

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) subiu de 0,60% na segunda prévia de novembro para 0,63% na segunda leitura de dezembro, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa deste mês foi puxada pelo grupo transportes (reflexo do reajuste da gasolina) e alimentação. No ano, a taxa acumula alta de 12,29%. O IGP-M é o índice que reajusta tarifas de energia elétrica e a maior parte dos contratos de aluguel.

Houve uma pequena queda nos preços no atacado, apesar da aceleração dos produtos agrícolas. O Índice de Preços por Atacado (IPA) subiu de 0,68% em novembro para 0,67% em dezembro.