Título: Índice de mortes violentas cai apenas 0,5%
Autor: Toni Marques
Fonte: O Globo, 22/12/2004, O País, p. 5

Entre as regiões, o Distrito Federal é o de maior percentual de óbitos violentos no sexo masculino, com 24,5%

Ainda não há o que comemorar na queda do índice de mortes violentas entre pessoas do sexo masculino. De 2002 para 2003, a redução foi apenas 0,5% em todo o Brasil. Para o IBGE, o fato de a taxa de mortes violentas para ambos os sexos ¿ homicídios, suicídios, acidentes etc. ¿ estar em cerca de 11% do total de óbitos continua preocupante. A título de comparação, é mais ou menos o dobro da taxa registrada na Grã-Bretanha, segundo o técnico Celso Cardoso Simões, do IBGE.

Os números têm leituras distintas, que tanto podem situar o Distrito Federal, com 24,5%, na posição de região número um em mortes violentas ¿ de acordo com o percentual de mortes na população do sexo masculino de todas as faixas etárias ¿ quanto elevar o Rio de Janeiro ao primeiro lugar, se o critério for o número de adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos de idade, a faixa mais atingida pela morte violenta no Brasil. Em 2003, foram 248,6 óbitos violentos para cada cem mil habitantes no Rio; em segundo lugar, ficou o Espírito Santo, com 223,9 para cada cem mil.

Para dar uma idéia mais aproximada da realidade socioeconômica brasileira, o IBGE sugere uma terceira leitura: a da distância entre mortes violentas no sexo masculino e a de mortes violentas no sexo feminino. Quanto maior a diferença, mais violenta deverá ser a região.

Assim, Pernambuco passa a liderar o problemático ranking, enquanto o Distrito Federal cai para a 22ª colocação. Em Pernambuco, para 17,6% de homens mortos violentamente, há 3% de mulheres falecidas na mesma condição. No Rio, são 17,2% na população masculina, contra 4,5% na população feminina, o que traz o estado para a nona posição. No Distrito Federal, são 24,5% de homens contra 8% de mulheres. Na média geral do país, há quatro vezes mais óbitos violentos no sexo masculino que no feminino.

Se desde 1993 o aumento de óbitos violentos no sexo masculino foi de 13,7% em relação ao total de mortes no mesmo sexo, os percentuais de óbitos violentos femininos se mantiveram estáveis, o que pode indicar que, mais que acidentes de trânsito, por exemplo, o que vem matando os homens no Brasil são armas.

Em todas as regiões, menos a Centro-Oeste, houve decréscimo, com destaque para a região Sul, onde a diminuição, em relação a 2002, foi de quase 2%. Já o aumento na Centro-Oeste foi de apenas 0,2%. Para o IBGE, o que pode ocorrer no Distrito Federal é um grande índice de acidentes de trânsito, mas também é haver maior eficiência de registro de óbitos, numa região que não é tão grande. Mas uma vez mais o IBGE salienta que há, no número geral de óbitos, a existência do fenômeno do sub-registro, sobretudo no Norte e no Nordeste, e por isto os números devem ser relativizados.