Título: TUCANO PEDE QUE MEIRELLES SEJA INDICADO EM CPI
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Fonte: O Globo, 22/12/2004, O País, p. 11

Senador apresenta relatório paralelo sobre o Banestado

BRASÍLIA. A seis dias de ser encerrada e sob risco de ter seu resultado engavetado, a CPI do Banestado produziu ontem mais um fruto da disputa política que atravanca a comissão há um ano e meio. Uma semana após o relator, deputado José Mentor (PT-SP), entregar uma proposta de relatório final amplamente bombardeada pelos demais integrantes da comissão, o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), apresentou relatório paralelo que pede o indiciamento do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Paes de Barros sustenta que seu relatório é uma tentativa de consertar supostas falhas no documento proposto por Mentor na semana passada. O tucano centra fogo em Meirelles, absolvido no relatório de Mentor da acusação de enviar dinheiro ao exterior sem declarar à Receita Federal. Em seu relatório de 398 páginas, o senador pede ao Ministério Público Federal que indicie Henrique Meirelles por crime contra o sistema financeiro e por evasão de divisas, pela transferência de US$50,6 mil para uma conta administrada por doleiros. Antero sugere o indiciamento do ex-presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb Lima e os ex-diretores do BC Luiz Augusto Candiota e Beny Parnes, por movimentações financeiras internacionais não declaradas. A direção do Banco Central não quis se manifestar.

Senador isenta Gustavo Franco

Paes de Barros isentou um dos principais nomes do rol de indiciados do petista: Gustavo Franco, ex-presidente do BC. Ele tivera seu indiciamento pedido por Mentor, que o apontou como responsável pela autorização especial concedida pelo BC em 1996, quando se iniciaram as fraudes nas remessas ao exterior por meio de contas CC-5 (destinadas a não-residentes).

O tucano pede ainda que a Polícia Federal e o Ministério Público investiguem operações financeiras do ex-presidente da Transbrasil Antônio Celso Cipriani, que, sustenta, foi poupado por Mentor por ter sido um dos principais doadores da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O prazo da CPI do Banestado termina na segunda-feira. Sem consenso, a comissão corre risco de ser encerrada sem a aprovação do relatório. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) disse ser quase impossível prorrogar o prazo.

¿ A comissão foi conduzida de maneira muito passional, devia ter sido mais racional, de forma que não atingisse tanto a imagem do Congresso e não servisse tanto a especulações ¿ afirmou.