Título: AUMENTO DE JUROS NÃO INIBIU CRÉDITO
Autor: Valderez Caetano
Fonte: O Globo, 22/12/2004, Economia, p. 31

Empréstimos a pessoas físicas somaram R$2,6 bilhões em novembro

BRASÍLIA. As sucessivas elevações da taxa básica Selic ¿ que passou de 16% ao ano em setembro para 17,25% este mês ¿ não conseguiram estancar a demanda por crédito e financiamento de máquinas, eletroeletrônicos e carros. Só em novembro, as pessoas físicas buscaram R$2,6 bilhões em empréstimos.

Já o indicador (vendor) que mede a captação de recursos por parte das empresas para que estas financiem seus clientes ¿ onde se inclui o comércio ¿ mostra aumento de 21,6% nos pedidos de crédito, ou R$900 milhões entre outubro e novembro. O total emprestado passou de R$4,4 bilhões para R$5,3 bilhões. A estabilidade nas taxas cobradas pelo mercado e a retomada do crescimento econômico explicam o bom desempenho da concessão de financiamentos no país este ano.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, o volume de empréstimos concedidos às pessoas físicas ¿ crédito direto ao consumidor e desconto em folha ¿ aumentou 39,8% este ano, tendo o total de crédito passado de R$30,8 bilhões em janeiro para R$42,3 bilhões em novembro. Apenas entre outubro e o mês passado houve incremento de R$1,1 bilhão em financiamentos dessa modalidade.

Lopes lembrou que a criação do empréstimo em consignação ¿ desconto em folha de pagamento do trabalhador ¿ também foi determinante para o crescimento dos financiamentos e a estabilidade dos juros cobrados à pessoa física. Ele anunciou que este ano foram emprestados R$11,7 bilhões nesta modalidade, à taxa média de 2,75% ao mês. Altamir reconheceu que a demanda continua aquecida apesar da elevação da Selic, mas não quis comentar uma possível pressão sobre a inflação.

¿ Eu mesmo fico admirado. Quando a gente vai a supermercados e shopings vê que as pessoas estão mesmo comprando ¿ disse ele.

Crédito para compra de bens cresceu 23,9% no ano

Outro bom indicador é o de empréstimos a pessoas físicas para aquisição de bens como carros e eletroeletrônicos: cresceu 23,9% no ano, passando de R$35,9 bilhões em janeiro para R$43,7 bilhões em novembro. Em comparação a outubro, o aumento foi de R$1,5 bilhão.

No entanto, em relação às taxas de juros, os números divulgados ontem pelo BC mostram que a taxa média de juros cobrada das pessoas físicas (incluídos aí CDC e consignação) sofreu pequena oscilação, passando de 63,2% ao ano em outubro para 63,4% em novembro, enquanto a taxa média cobrada das empresas recuou ligeiramente, de 31,1% ao ano para 30,9% ao ano.