Título: AEB PREVÊ SALDO COMERCIAL 17% MENOR
Autor: Eliana Oliveira
Fonte: O Globo, 28/12/2004, Economia, p. 19

Com dólar a R$3, previsão é de superávit de US$26,5 bi em 2005

BRASÍLIA. A balança comercial brasileira deverá fechar 2005 com superávit comercial de US$26,560 bilhões, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O valor estimado para o próximo ano é 17,3% inferior ao saldo projetado pela entidade para 2004, de US$32,113 bilhões, e poderá ser ainda menor, caso se concretize algum dos fatores externos e internos que ameaçam o desempenho do comércio exterior brasileiro.

Por enquanto, o saldo comercial resiste. Ontem, o Ministério do Desenvolvimento divulgou o resultado da balança comercial brasileira na quarta semana de dezembro: foi registrado superávit de US$1,188 bilhão, resultado de US$2,313 bilhões em exportações e US$1,125 bilhão em importações. No mês, as vendas externas superam as compras em US$2,885 bilhões (US$7,618 bilhões em exportações e US$4,733 bilhões em importações). No ano, há um saldo acumulado de US$33,081 bilhões.

Exportações atingiriamUS$100 bi no ano que vem

De acordo com a AEB, em 2005, as exportações chegarão a US$100,27 bilhões e as importações, a US$73,71 bilhões, se o cenário atual for mantido. Para chegar a esses valores, a AEB usou como premissa a cotação do dólar a R$3.

- Essa é a condição indispensável para que seja compensada a elevação dos custos internos não absorvidos por melhoria de produtividade - destacou o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro.

Segundo ele, a permanência da taxa cambial no patamar atual de R$2,70 poderá causar redução nas exportações de produtos manufaturados em cerca de 15% do total projetado e elevação das importações em cinco pontos percentuais. Tudo isso também afetaria a atração e realização de investimentos.

- Essa taxa de câmbio também poderá impedir a participação das pequenas e médias empresas na exportação, tornando inócuos esforços e investimentos, privados e governamentais, desenvolvidos para conquistar mercados externos. Isso jogaria por terra a incessante busca para a criação da cultura exportadora - alertou Castro.

Entre os fatores externos que poderiam complicar o quadro atual, Castro citou o menor crescimento da economia chinesa em 2005 e a possibilidade de serem adotadas novas medidas protecionistas por EUA e Argentina.