Título: GOVERNOS DESENVOLVEM PLANOS DE RECONSTRUÇÃO. AJUDA DEVERÁ CONTINUAR A LONGO PRAZO
Autor:
Fonte: O Globo, 28/12/2004, O mundo, p. 24

ONU organiza maior operação de sua história

Nações Unidas pedem colaboração da comunidade internacional e mesmo empenho demonstrado em terremoto no Irã

GENEBRA. A Organização das Nações Unidas (ONU) está empreendendo a maior operação de ajuda humanitária de sua história para atender às vítimas das ondas gigantes no Sul da Ásia. Funcionários da organização já estão em oito dos países atingidos, enquanto novas missões se preparam para partir para a região.

- Pusemos em andamento a maior operação de socorro da História - disse Jan Egeland, secretário-geral-adjunto da ONU para assuntos humanitários. - O custo da destruição será de bilhões de dólares.

Funcionários da ONU estão ajudando as autoridades e organizações não-governamentais no socorro às vítimas em oito países. Uma equipe de salvamento chegava ainda ontem ao Sri Lanka, o país mais atingido, e outra se preparava para partir para Maldivas, onde um terço do território está sob as águas.

- Jamais havia ocorrido uma catástrofe desta dimensão - afirmou a vice-coordenadora de ajuda de emergência da ONU, Yvette Stevens.

Vários dos países atingidos pelas ondas gigantes pediram o envio de helicópteros para resgatar vítimas isoladas pelas águas. Eles solicitaram também equipes médicas, além de pessoal especializado em purificação de água, para evitar o surgimento de epidemias. A ONU advertiu que milhares de pessoas nas áreas costeiras correm o risco de contrair doenças como febre tifóide, diarréia e hepatite.

- A maior ameaça para os sobreviventes está na propagação de infecções através da contaminação da água potável e da presença de cadáveres em decomposição - informou Jamie McGoldrick, da Agência de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha, na sigla em inglês).

O subsecretário-geral Jan Egeland pediu a colaboração da comunidade internacional e lembrou da resposta que obteve quando houve o terremoto na cidade iraniana de Bam, em 26 de dezembro de 2003, que causou a morte de 26 mil a 30 mil pessoas. Na ocasião, 52 países responderam ao apelo das autoridades iranianas para ajudar a remediar os efeitos do tremor que danificou dois terços da cidade histórica.

Egeland pediu o mesmo grau de mobilização tanto de governos quanto da iniciativa privada e que as doações sejam feitas por meio de mecanismos tradicionais, organizações como Cruz Vermelha e de agências da ONU, como Unicef (fundo para a infância) e PMA (Programa Mundial de Alimentos).

- Um desastre sem precedentes requer uma generosidade sem precedentes - declarou. - Recebemos informações a cada hora e descobrimos cada vez mais desastres.

Ele destacou que a ajuda deve continuar a longo prazo e contou que a ONU já está organizando, junto com os governos dos países afetados, programas de reconstrução.