Título: TESOURO JÁ CONTRATOU US$2,1 BILHÕES PARA PAGAR DÍVIDA EM 2005
Autor: Enio Vieira, Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 29/12/2004, Economia, p. 20
BC compra US$2,4 bi em dezembro e reservas crescem em relação a 2003
Presidente da Fiesp reclama da taxa de câmbio, que, diz ele, 'está bêbada'
BRASÍLIA e SÃO PAULO. O Banco Central (BC) informou ontem que comprou US$ 2,443 bilhões em dezembro no mercado de câmbio. Esse foi o volume adquirido pelo governo para aumentar as reservas internacionais do país. Em janeiro e fevereiro de 2004, as compras do BC tinham somado US$2,627 bilhões. Com as operações, segundo o diretor de Política Econômica do banco, Afonso Bevilaqua, as reservas brutas - que incluem os recursos tomados ao Fundo Monetário Internacional (FMI) - devem encerrar o ano em US$52,4 bilhões, ou seja, com US$ 3 bilhões a mais do que no fechamento de 2003.
As reservas líquidas, que excluem o FMI, devem ficar em US$25,4 bilhões, o que significa US$8 bilhões a mais do que no fim do ano passado. Bevilaqua enfatizou que as compras são realizadas sem interferir nas cotações do dólar. Segundo ele, as operações seguem as condições de oferta no mercado e têm o objetivo único de recompor as reservas internacionais que caíram substancialmente com as crises financeiras de 2001 e 2002. O diretor do BC ainda informou que o Tesouro Nacional já contratou US$2,166 bilhões para os pagamentos de dívida externa em 2005.
Oscilação inibe novos investimentos, diz Skaf
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou ontem estudo para defender maior intervenção do governo no mercado de câmbio. Pela pesquisa, entre janeiro de 2000 e novembro de 2004 a volatilidade (diferença entre a maior e a menor taxa) média do real em relação ao dólar foi de 22%, a maior entre as moedas de oito países selecionados. No Reino Unido, o índice foi de 11,1%, contra 10,8% no Japão, 10,6% na Rússia ou 9% no México.
- Além de flutuante, a nossa taxa de câmbio está bêbada e cabe ao Banco Central dar-lhe sobriedade - afirmou o presidente da entidade, Paulo Skaf.
Segundo o empresário, a atual cotação inibe decisões de novos investimentos:
- Em todas as nações que adotam câmbio flutuante, sempre há intervenções para manutenção de ambiente propício à produção. A variabilidade excessiva torna muito difícil tomar decisões de investimento, fazer contratos de exportação e de compras de insumos importados, pois não há margem de lucro industrial no mundo que seja capaz de absorvê-la.
Pelo estudo da entidade, a volatilidade do real frente ao dólar atingiu 41,2% em 2002 - ano em que as incertezas sobre o resultado das eleições presidenciais afetaram a economia - e 24,4% em 2003.
Neste ano, até novembro, o resultado acumulado é de 17%. Para facilitar a comparação, os dados foram deflacionados pela diferença entre o Índice de Preços por Atacado (IPA) dos países selecionados e o dos Estados Unidos.
Inclui quadro: Conheça os números do mercado