Título: Governo confirma morte de diplomata brasileira
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 29/12/2004, O Mundo, p. 25

Lys Amayo e o filho de 10 anos morreram na Tailândia. Itamaraty procura pessoas que estariam na zona afetada

BRASÍLIA. O Itamaraty confirmou ontem a morte da diplomata brasileira Lys Amayo Benedek D'Avola, conselheira da Embaixada do Brasil na Tailândia, e de seu filho Gianluca, de 10 anos. Os dois estavam desaparecidos desde domingo, quando tsunamis atingiram 14 países de Ásia e África.

Lys Amayo e o filho eram os dois únicos brasileiros cuja morte foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores até o fim da tarde. As embaixadas brasileiras nos 14 países afetados receberam lista com mais de 90 nomes de brasileiros que poderiam estar nas áreas atingidas. Até o fim da noite, dez pessoas já tinham sido localizadas ou fizeram contato.

A lista foi preparada a partir de telefonemas de familiares e amigos que pediam informações sobre o paradeiro de parentes na Ásia. Inicialmente seriam 300 brasileiros, mas os dados foram cruzados e se verificou que muitos telefonemas tratavam da mesma pessoa.

Itamaraty acha que maioria dos desaparecidos está bem

O Itamaraty não divulgou os nomes, mas acredita que a maioria ou até mesmo a totalidade deles esteja bem. A aposta é que tenham sido incluídos na lista por falta de comunicação e que farão contato à medida em que a calamidade seja superada.

Os corpos de Lys Amayo e do filho foram encontrados na ilha tailandesa de Phi Phi, onde passavam o fim de ano com o marido de Lys e a filha Taís, de 18 anos. A jovem, que estava no hotel na hora do maremoto, sobreviveu e o marido, um italiano, estaria hospitalizado.

A morte da diplomata e seu filho foi confirmada na madrugada de ontem pelo embaixador do Brasil na Tailândia, Marco Antonio Diniz Brandão. A pedido do governo tailandês, o Itamaraty enviou àquele país a ficha datiloscópica (impressões digitais) de Lys para a liberação dos corpos.

Em nota, o Ministério do Exterior lamentou a morte da diplomata, que trabalhava na embaixada em Bangcoc desde março de 2003. "Durante os mais de 20 anos em que serviu ao Ministério das Relações Exteriores, a conselheira Lys Amayo de Benedek D'Avola se distinguiu por sua integridade, seriedade e competência, além da afabilidade, que lhe permitiu granjear largo círculo de amizades entre os seus colegas brasileiros e estrangeiros", diz a nota.

O Itamaraty informou que providenciará o traslado dos corpos para o Brasil, caso seja essa a vontade da família da diplomata. O governo brasileiro vai esperar a decisão da mãe de Lys Amayo, a atriz Teresa Amayo, que viajaria para Bangcoc ontem à noite. O chanceler Celso Amorim, que está de férias, falou anteontem por telefone com Teresa, quando ainda havia esperança de que sua filha e o neto estivessem vivos.

Governo brasileiro ainda estuda como auxiliar países

Até o fim da tarde, o governo brasileiro não havia decidido o tipo de ajuda que oferecerá aos países devastados pelas ondas gigantes. A tendência era apoiar ações de organismos multilaterais, como a ONU, em vez de prestar socorro diretamente a cada país.

Técnicos do Ministério da Saúde estudam a melhor forma de ajudar. A idéia era enviar remédios, como antibióticos e analgésicos, kits contra enchentes, que contêm hipoclorito (substância para purificar a água), e larvicidas usados no combate ao mosquito transmissor da dengue. Diplomatas brasileiros acompanharam a reunião da ONU em Genebra, ontem, quando foi discutida a ajuda aos países asiáticos.

Além dos telefonemas de parentes em busca de informações sobre o paradeiro de parentes, o Itamaraty tem recebido ofertas de ajuda às vítimas das tsunamis. O apoio inclui até mesmo voluntários dispostos a ir para as regiões atingidas auxiliar as equipes de socorro. A embaixada do Sri Lanka em Brasília, como já faz o consulado no Rio desde segunda-feira, começou a recolher doações de alimentos.