Título: DESAFIOS DO PFL
Autor: Ilmar Franco
Fonte: O Globo, 01/01/2005, Panorama Político, p. 2

Coadjuvante no governo Fernando Henrique e na oposição ao governo Lula, o PFL quer dar a volta por cima. Como fez em 2002, ao lançar a senadora Roseana Sarney (MA) para a presidência, o partido aposta agora no prefeito Cesar Maia para animar o partido. Os pefelistas não querem ficar reféns do PSDB e tentam construir uma alternativa própria para oferecer aos eleitores em 2006. O carisma e a competência administrativa de Cesar Maia são um bom começo, mas os pefelistas reconhecem que precisam muito mais para tornar sua candidatura viável. Dos grandes partidos, o PFL encontra-se hoje na posição de maior fragilidade. O partido precisará construir palanques nos principais estados, pois não terá fôlego se ficar apenas com o apoio dos governadores da Bahia e de Sergipe. O pefelê precisa ainda deixar de ser um partido nordestino. Hoje, mais da metade de sua bancada na Câmara é de deputados daquela região. Com a candidatura Cesar Maia, esperam fincar bandeiras duradouras no Sudeste e no Sul. E eles mesmos dizem que precisam reinventar-se.

¿ O PFL é um partido arraigado, que já deu demonstrações de que sabe administrar. Mas não é uma sigla que puxe para cima ¿ diz o líder no Senado, José Agripino (RN).

A exemplo dos tucanos, os pefelistas também precisam ter uma proposta nova para apresentar nas eleições, sobretudo depois que o governo Lula tomou para si as bandeiras da responsabilidade fiscal e do controle da inflação. E como os petistas não levaram o país à ruína, como acreditavam tucanos e pefelistas, o discurso do risco PT não será eficiente. O PFL, segundo Agripino, precisa construir um ideário que tenha sintonia com a opinião pública. E, por isso, o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), diz que 2005 será o ano da refundação do PFL, quando será atualizado seu programa e discutido um novo projeto econômico e fiscal para o país. ¿ Desde o Plano Real estamos derrapando, sem avançar, sem sair do lugar. É preciso mais: é preciso ousar e crescer ¿ resume Saulo Queiroz, integrante da executiva do PFL.

Mesmo tendo eleito menos prefeitos este ano do que em 2000 e perdido eleições em centros importantes, os pefelistas estão otimistas. E, a exemplo da esquerda petista, o PFL aposta no desencanto da população com o governo Lula.