Título: Sem medo da impopularidade
Autor: Maria Lima e Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 01/01/2005, O País, p. 3

Novos prefeitos se dizem dispostos a manter o rigor da Lei Fiscal mesmo com cofres vazios

Os novos prefeitos de capitais que tomam posse hoje começam o mandato com os desafios de sempre ¿ segurança, saúde, moradia, emprego e saneamento ¿ e uma preocupação nova: as exigências e o rigor da Lei de Responsabilidade Fiscal. A maioria diz que nos primeiros seis meses terá que adotar medidas impopulares de ajuste fiscal para só depois começar a investir o que sobrar em obras. De olho nos rigores da Lei Fiscal, vão seguir a máxima de Maquiavel: o remédio amargo será dado de uma vez, e as coisas boas, a conta-gotas.

Novatos e reeleitos, com cofres vazios e pouca promessa de ajuda do governo federal, apostam na implantação das Parcerias Público-Privadas, as PPPs, para tocar obras maiores.

Eleito para governar Salvador, capital que tem o mais alto índice de desemprego nacional (24%), o novato João Henrique (PDT), antes mesmo de assumir, buscou intercâmbio com o governo tucano de Aécio Neves em Minas e está importando para sua equipe o bem-sucedido modelo mineiro de ajuste fiscal.

¿ O grande desafio é aquecer a economia local para gerar empregos, já que o desemprego em Salvador é crônico. De imediato vamos adotar o modelo mineiro de choque de gestão, com corte de 20% de custeio secretarias e cargos comissionados ¿ anuncia João Henrique.

O vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci , responsável pela implantação do plano emergencial de governo dos próximos seis meses, diz que o prefeito Beto Richa (PSDB) estreará como um gestor pão-duro. Vai fazer uma operação pente-fino em contratos, para renegociar preços e tentar aumentar os recursos para investimentos. Depois vai atacar os dois principais problemas revelados pela população na campanha: saúde e segurança.

Serra: ¿Austeridade para fazer mais¿

Mesmo que não quisesse, a prioridade do novo prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), teria que ser a renegociação das dívidas do município: a dívida consolidada é de cerca de R$30 bilhões, além de R$750 milhões em débitos não consolidados. No seu primeiro discurso, no dia em que as urnas apontaram a vitória sobre Marta Suplicy (PT), Serra estabeleceu prioridades como a saúde e o atendimento aos mais pobres, ressaltando, porém, a austeridade que já lhe rendeu a fama de ¿pão-duro¿.

¿ A essas prioridades vamos somar a austeridade na administração da cidade. Isso não significa gastar menos, mas gastar melhor, com mais economia, procurando fazer mais com a mesma coisa. Austeridade para fazer mais por quem precisa ¿ disse.

Futuro secretário das subprefeituras da capital de São Paulo, o deputado Walter Feldman diz que o maior desafio de Serra é a saúde. Para ele, a desproporção entre o serviço oferecido e as necessidades da população é gigantesca, por isso Serra tem meta de aumentar as equipes de saúde da família, além de melhorar a distribuição de medicamentos e o atendimento ambulatorial de emergência. Feldman será o responsável por uma das áreas mais problemáticas da Prefeitura de São Paulo: enchentes, urbanização de favelas e regularização dos mais de 50% de imóveis irregulares.

¿ A dificuldade é gigantesca na área financeira, mas estamos tão animados com o que tem de ser feito que não queremos nem dormir ¿ disse o futuro secretário.

Luizianne: esforço antes do inverno

Depois de ser governador, ministro e senador, Íris Rezende (PMDB) retorna ao cenário político como prefeito de Goiânia com a promessa de retomar os grandes mutirões de moradia que marcaram sua trajetória. Outro desafio é asfaltar toda a cidade sem ajuda do governo do estado.

¿ Vamos melhorar a qualidade das casas construídas. Nosso objetivo, hoje, não é construir a casa num dia. É construir a casa em alvenaria, e a cada sábado e domingo nos reuniremos em mutirões. Para a população carente de casa, mas que possa pagar um pouco, pegaremos financiamentos para construir casas populares ¿ promete.

A nova prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), diz que as prioridades de sua gestão serão ações nas áreas de saúde, educação e moradia.

¿ Precisamos ampliar o atendimento básico, especialmente aumentando o número de unidades do programa Saúde da Família e garantindo o bom funcionamento dos postos de saúde ¿ disse a prefeita petista.

Na educação, Luizianne afirma que é preciso melhorar a qualidade do ensino público municipal, e diz que será necessário um grande esforço para resolver o problema de moradia.

¿ Fortaleza tem um déficit de moradia que atinge cerca de cem mil famílias. Será necessário um esforço para minimizar o sofrimento delas antes do inverno chegar ¿ disse ela.

Novos prefeitos se dizem dispostos a manter o rigor da Lei Fiscal mesmo com cofres vazios

Os novos prefeitos de capitais que tomam posse hoje começam o mandato com os desafios de sempre ¿ segurança, saúde, moradia, emprego e saneamento ¿ e uma preocupação nova: as exigências e o rigor da Lei de Responsabilidade Fiscal. A maioria diz que nos primeiros seis meses terá que adotar medidas impopulares de ajuste fiscal para só depois começar a investir o que sobrar em obras. De olho nos rigores da Lei Fiscal, vão seguir a máxima de Maquiavel: o remédio amargo será dado de uma vez, e as coisas boas, a conta-gotas.

Novatos e reeleitos, com cofres vazios e pouca promessa de ajuda do governo federal, apostam na implantação das Parcerias Público-Privadas, as PPPs, para tocar obras maiores.

Eleito para governar Salvador, capital que tem o mais alto índice de desemprego nacional (24%), o novato João Henrique (PDT), antes mesmo de assumir, buscou intercâmbio com o governo tucano de Aécio Neves em Minas e está importando para sua equipe o bem-sucedido modelo mineiro de ajuste fiscal.

¿ O grande desafio é aquecer a economia local para gerar empregos, já que o desemprego em Salvador é crônico. De imediato vamos adotar o modelo mineiro de choque de gestão, com corte de 20% de custeio secretarias e cargos comissionados ¿ anuncia João Henrique.

O vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci , responsável pela implantação do plano emergencial de governo dos próximos seis meses, diz que o prefeito Beto Richa (PSDB) estreará como um gestor pão-duro. Vai fazer uma operação pente-fino em contratos, para renegociar preços e tentar aumentar os recursos para investimentos. Depois vai atacar os dois principais problemas revelados pela população na campanha: saúde e segurança.