Título: Marta voltará à cena política em 2006
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 01/01/2005, O País, p. 4
Petista deve disputar governo de São Paulo ou vaga da deputada federal
Ainda em meio às fissuras causadas pela derrota na campanha eleitoral, os apoiadores da prefeita Marta Suplicy (PT) afirmam em uníssono: ela não sairá de cena e disputará as urnas em 2006. Seja para governadora ou deputada federal. Antes, ao longo de 2005, Marta cuidará do seu capital político dentro e fora do partido. Será um ano de provações, diz um petista ligado a Marta.
Ela se recusa a falar do futuro político, mas destacou, em entrevista ao GLOBO, o capital que tem em mãos:
¿ Estamos fechando o governo com uma avaliação positiva de quase 80% dos paulistanos, segundo a última pesquisa InforEstado ¿ diz Marta, argumentando que sua prioridade será ajudar a reeleger Lula.
Após descanso, série de viagens internacionais
A prefeita vai descansar alguns dias e depois iniciará uma série de viagens internacionais, atendendo a convites para palestras. Um dos primeiros destinos será a Índia, em fevereiro. Em janeiro, o grupo político de Marta lançará um instituto cuja função será defender os programas de sua gestão em São Paulo (2000 a 2004) e fiscalizar o governo de seu sucessor, José Serra (PSDB).
Ex-marido de Marta, o senador Eduardo Suplicy (PT) disse que abriu mão da pré-candidatura ao governo paulista e conta com a pré-candidatura dela.
¿ Marta está construindo essa possibilidade. Ela é um dos maiores valores políticos do PT hoje. Não disputarei, sairei como pré-candidato ao Senado.
O presidente do PT, José Genoino, diz que o partido tem três pré-candidatos para o governo de São Paulo: Marta, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, e o senador Aloizio Mercadante. A idéia de Genoino é que eles não disputem prévias e façam um acordo. Para isso, ele está disposto até a liberar a presidência do PT para um deles já em setembro. Genoino sairia candidato a deputado federal e um dos três o substituiria.
As possibilidades de Marta são grandes. Afinal, a prefeita deixa a capital com boa aprovação, mas somente os primeiros seis meses do governo Serra poderão mostrar o verdadeiro capital político de Marta.
¿ É preciso esperar um tempo para avaliar as reações e ficar de butuca (alerta) para as opções de disputa ¿ diz Genoino, que considera que a criação do instituto poderá aumentar a visibilidade de Marta dentro e fora do partido ¿ Mas não poderá ser uma evidência artificial, terá que ser natural. E ela também não poderá precipitar a disputa ¿ alerta ele.
Marta teria cometido erros após a derrota
Marta é vice-presidente do PT, mas cometeu erros antes e após a derrota: não seguiu as orientações da cúpula do PT e culpou Lula pelo mau desempenho. Depois, licenciou-se e foi para a Europa durante as enchentes em São Paulo. Marta nega a existência de atritos com a cúpula nacional e com o governo federal. Mas alguns apoiadores da ex-prefeita admitem:
¿ Ficou uma ferida aberta. Na campanha, ficou clara uma divisão com o governo e a direção nacional, agravada pelos outros erros, após a derrota. Por isso, 2005 será um ano de provações ¿ diz um deles.