Título: Esperança para sobreviventes
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Fonte: O Globo, 01/01/2005, O Mundo, p. 29
Depois das críticas, EUA elevam ajuda de US$35 milhões para US$350 milhões
Em meio a enormes dificuldades logísticas, a ajuda humanitária começou a chegar às regiões atingidas pelo terremoto e pelo maremoto de domingo com mais eficiência, embora as equipes de socorro ainda não tenham conseguido atingir as áreas mais remotas das ilhas indianas de Andaman e Nicobar e da província indonésia de Aceh. Ontem, o número de mortos na catástrofe - uma combinação do maior terremoto nos últimos 40 anos seguido do mais devastador maremoto da História - subiu para 140 mil, e a coleta de milhares de corpos continua.
A ajuda já chega em grande quantidade a Aceh, na ilha de Sumatra, e, após críticas da comunidade internacional e da imprensa americana, o governo dos EUA aumentou de US$35 milhões para US$350 milhões sua ajuda às vítimas da tragédia. A China, igualmente, ampliou de US$2 milhões para US$60,4 milhões. Com isso, o total já supera US$1 bilhão.
Ontem, aviões de carga da Austrália e de Cingapura despejaram toneladas de suprimentos no aeroporto de Banda Aceh, capital da província que foi a única a sofrer a ação dupla das tsunamis e do terremoto e teve mais de 80 mil mortos. Dois aviões tiveram de ser desviados para a Malásia porque o aeroporto estava congestionado. Três navios da Marinha indonésia chegaram a Meulaboh. Estima-se que 90% da cidade foram destruídos.
Festas de Ano Novo foram reduzidas
Há dificuldade para fazer chegar água, comida e medicamentos às áreas costeiras devastadas pelas tsunamis por causa do danos às estradas e da coordenação falha entre militares e organizações civis. Também faltam combustível e motoristas. Em Banda Aceh, multidões famintas de moradores sobreviventes cercam as equipes de socorro quando há distribuição de comida. Houve pessoas que comeram ontem pela primeira vez desde a catástrofe.
Na Índia, problemas de coordenação fazem com que a ajuda chegue a algumas áreas necessitadas e não a outras, com aldeias não atingidas pelas tsunamis recebendo assistência enquanto nada chega a outras destruídas na tragédia. Nas ilhas Andaman e Nicobar, o governo indiano está impedindo que agências internacionais de ajuda se unam ao socorro à população.
No Sri Lanka o número de mortos subiu dramaticamente com a divulgação da informação de que houve 14 mil vítimas nas áreas controladas pela guerrilha tamil, elevando para 41 mil o total da ilha. Ontem foi dia de luto nacional e chuvas torrenciais atrapalharam a ajuda às vítimas, bloqueando centenas de caminhões e ônibus com voluntários e pessoal médico na estrada para a cidade de Batticaloa.
- Era a última coisa de que precisávamos - desolou-se o superintendente de polícia, J. Jaganathan.
Em vários países, as festas de Ano Novo foram ou canceladas ou reduzidas em respeito às vítimas da maior tragédia natural das últimas décadas. Na Austrália e na Nova Zelândia, multidões fizeram um minuto de silêncio. Nos Champs Elysées, em Paris, as árvores foram envoltas em preto. Em Alemanha, Suécia, Noruega e Finlândia, as bandeiras estão a meio mastro. No Vaticano, o Papa João Paulo II programou uma missa privada à meia-noite para rezar pelas vítimas.
BANGCOC, COLOMBO e JACARTA
Saiba como auxiliar
Organizações internacionais e governos de alguns dos países devastados pelas tsunamis pedem ajuda. Doações podem ser feitas nos locais e sites abaixo:
Consulado do Sri Lanka no Rio: O consulado está recebendo doações no 23º Batalhão da Polícia Militar: Rua Capitão Cesar de Andrade, 119, Leblon. Pede-se doações de barracas, cobertores, alimentos não perecíveis, tabletes purificadores de água, paracetamol, antibióticos, seringas e geradores portáteis.
Comitê Internacional da Cruz Vermelha: BankBoston, agência 010, conta corrente 313231-06, CNPJ 04359688-0001-51.
Embaixada do Sri Lanka no Brasil: Banco do Brasil, agência 1606-3, conta corrente 46034-6.
Programa Mundial para Alimentação da ONU: Doações podem ser feitas no site www.wfp.org.
Unicef: Doações podem ser feitas no site www.unicef.org.uk
Alto Comissariado da ONU para Refugiados: Doações podem ser feitas no site www.unhcr.ch
Oxfam: A entidade, que está presente em locais devastados como Indonésia, Sri Lanka e as ilhas Andaman e Nicobar, recebe doações no site www.oxfam.org.
QUEM JÁ DOOU
EUA: US$350 milhões
Banco Mundial: US$250 milhões
Reino Unido: US$96 milhões
Espanha: US$68 milhões
China: US$60,4 milhões
União Européia: US$45 milhões
Canadá: US$33 milhões
Japão: US$26 milhões
França: US$20,4 milhões
Dinamarca: US$15 milhões
Arábia Saudita: US$10 milhões