Título: IGP-M: INFLAÇÃO FECHA 2004 EM 12,4%
Autor: Vagner Ricardo e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 30/12/2004, Economia, p. 22

Taxa do indicador, que reajusta a energia elétrica, é maior que a de 2003

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) subiu 12,41% no ano, superando os 8,71% de 2003, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mas a taxa de dezembro foi de 0,74%, o que está 0,08 ponto percentual abaixo de novembro (0,82%). O IGP-M corrige tarifas, como a de energia elétrica.

No ano, o avanço da inflação foi maior no atacado, com destaque principalmente para a alta dos produtos siderúrgicos e dos derivados do petróleo: o Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do IGP-M, chegou a 15,09%.

No varejo, além dos combustíveis, os preços administrados (como tarifas de telefonia e de energia elétrica) foram os principais vilões, como mostra o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que teve alta de 6,20% e representa 30% do índice geral. Só a tarifa de telefonia fixa subiu 13,44%; o preço da gasolina, 13,27%; e o da energia elétrica residencial, 8,35%. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no IGP-M, teve alta de 10,94% anual, afetado também pelos preços do aço.

- A siderurgia, seguida do setor de petróleo, foi o grupo que mais influência exerceu sobre a inflação. Os produtos siderúrgicos subiram quase 60%, e houve itens com alta de quase 90%. Os derivados de petróleo e petroquímicos também tiveram peso grande na alta do índice no atacado e no varejo este ano -- analisou Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV.

Quanto a dezembro, o IPC subiu 0,58%, quase o dobro do mês passado, enquanto os preços no atacado registram variação de 0,81%, numa desaceleração de 0,18 ponto percentual sobre a taxa de novembro. Ou seja, houve um descasamento entre a inflação do atacado e do varejo, o que costuma preocupar economistas, que temem que haja repasses para o consumidor. Quadros e Élcio Teles, da Fides Asset Management, não crêem em repasse integral, mas admitem que poderá haver alguma transmissão de custos.

Índice de Sensação de Inflação é menor da série

O presidente da Associação Brasileira das Administradores de Imóveis (Abadi), George Eduardo Masset, disse ontem que a tendência é de negociação caso a caso dos aluguéis (a maioria deles é corrigida pelo IGP-M). Ele acha que a variação plena do IGP-M poderá não ser aplicada.

O Índice de Sensação de Inflação (ISI) calculado pela Fecomércio-RJ apresentou forte queda em dezembro na comparação com o mês anterior, passando de 25,64 pontos em novembro para 17,22 pontos em dezembro. A queda de 32,8% é considerada a menor marca da série histórica do índice, iniciada em 2000. O pior momento em 2004 foi em junho: 41,29 pontos. De acordo com João Carlos Gomes, coordenador do Núcleo Econômico da Fecomércio-RJ, a queda registrada em dezembro indica que o consumidor comprou mais porque sentiu menos o peso da inflação.

Inclui quadro: A variação do índice