Título: gasolina pode ficar mais barata no país
Autor: Juliana Rangel
Fonte: O Globo, 05/01/2005, Economia, p. 23

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse ontem que, se as cotações do petróleo e do dólar continuarem caindo, os preços dos combustíveis no país também serão reduzidos. A forte desvalorização da cotação do petróleo no mercado internacional nos últimos meses ¿ depois de atingir altas recordes em 2004 ¿ está fazendo com que os preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras já estejam acima dos valores cobrados no mercado internacional, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE).

¿ Não estou dizendo que os preços (dos combustíveis) vão cair amanhã. Estou dizendo que, se o petróleo continuar baixando e o dólar continuar baixando, teremos o grato prazer de reduzir os preços dos combustíveis ¿ afirmou a ministra, em entrevista ao canal de TV a cabo GloboNews.

Ontem, porém, depois de vários dias em queda, o petróleo voltou a subir, depois de a Arábia Saudita informar que vai reduzir sua produção em 500 mil barris por dia. Em Nova York, o barril do cru leve subiu 4,3%, para US$ 43,91, enquanto o Brent, negociado em Londres, avançou 1,4%, para US$ 41,04.

Procurada, a Petrobras não quis comentar as declarações da ministra. De 25 de novembro ¿ data do último aumento promovido pela Petrobras nas refinarias ¿ até o dia 30, o preço do barril do Brent já recuou 10%. Desde os recordes no fim de outubro de 2004 (US$ 55,67 em Nova York e US$ 51,94 em Londres) até ontem, a cotação do barril no mercado internacional já despencou 21%, segundo a Bloomberg News.

No dia 28 de dezembro, o valor da gasolina no Brasil era até 44% superior ao mercado do Golfo do México, conforme cálculos do CBIE com base em preços divulgados pela Agência Internacional de Energia (AIE). O diesel era vendido a um valor 7% mais alto no país, segundo a entidade. Já a analista Mônica Araújo, do BES Investimento, calcula que o valor da gasolina estava, em média, 19% mais caro no Brasil na última quinta-feira, e o do diesel, 5% maior.

¿ É claro que a Petrobras compra de vários lugares e, provavelmente, conseguiria uma média de preços melhor que a do Golfo. Mas nossa idéia é mostrar uma tendência de mercado ¿ explica Pires.

Para 2005, o CBIE prevê que os preços do Brent se mantenham em uma média de US$ 37 a US$ 39 o barril. Já Mônica, do BES, espera que o preço fique entre US$ 35 e US$ 36. Recentemente, a AIE, com sede em Paris, disse que a demanda deverá crescer apenas 1,8% em 2005, contra estimados 3,3% em 2004.

¿ Além disso, existe uma expectativa mais positiva em relação aos conflitos no Oriente Médio ¿ diz Mônica, para quem a demanda global crescerá no máximo 2,5% este ano.

ANP: nos postos do Rio, preço da gasolina caiu 0,22%

Nas bombas do país, o preço da gasolina começa a ceder, com queda média de 0,09%, segundo a pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo. O litro do combustível passou de R$ 2,274, na semana de 19 a 25 de dezembro, para R$ 2,272, em média, entre 26 de dezembro e 1 de janeiro, informou a ANP.

A maior queda foi no Distrito Federal: 2,33%, de R$ 2,284 para R$ 2,232. Nos postos do Rio, o recuo foi de apenas 0,22%, de R$ 2,270 para R$ 2,265. Em São Paulo, a queda foi de 0,67%, com o litro da gasolina passando de R$ 2,198 para R$ 2,190. Mas houve alta em alguns estados, como Paraná (1,8%) e Rio Grande do Norte (0,43%).

Já o litro do álcool recuou, em média, 0,49%, passando de R$ 1,440 para R$ 1,433, enquanto o do diesel ficou estável e do gás natural veicular (GNV) teve alta de 0,18%.