Título: FÓRUM SOCIAL MUNDIAL CUSTARÁ R$12 MILHÕES
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Fonte: O Globo, 02/01/2005, O País, p. 11
Evento, que pode acontecer em Porto Alegre pela última vez, conta com patrocínio de R$4 milhões de estatais
SÃO PAULO. Depois da passagem pela Índia em 2004, o Fórum Social Mundial (FSM) volta ao Brasil este mês, numa versão mais ambiciosa e popular. O palco mundial da esquerda custará cerca de US$4,5 milhões (R$12 milhões), boa parte paga por um pool de estatais. A estimativa é que Petrobras, Caixa Econômica, Eletrobrás e Banco do Brasil contribuam com US$1,5 milhão (R$4 milhões) em patrocínios.
A maior parte do dinheiro, cerca de US$2 milhões (R$5,5 milhões), será de agentes internacionais, principalmente da União Européia. O restante é bancado pelo governo do Rio Grande do Sul e pelas taxas dos participantes. Em sua última edição no Brasil, em 2003, o FSM custou US$3,4 milhões e foi parcialmente bancado pela Prefeitura de Porto Alegre, na época administrada pelo PT, e por agentes mundiais. Foram cem mil participantes.
A quinta edição do FSM ocorrerá entre 26 e 31 de janeiro, em Porto Alegre, e deve reunir 150 mil ativistas de esquerda de mais de cem países. Neste ano, o contraponto ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, será mantido. Ano passado, quando foi realizado na Índia, o FSM foi realizado antes do de Davos.
Fim do governo petista desagradou a organizadores
O fim do governo petista em Porto Alegre desagradou aos organizadores do Fórum Social. Possivelmente, o evento não será montado mais em Porto Alegre em 2006. Há convites para outros países e para outras cidades governadas pelo PT, como Recife. A discussão, no entanto, será feita apenas durante a reunião do Conselho Internacional do Fórum, nos dias 24 e 25 de janeiro, em Porto Alegre.
Segundo os organizadores, o custo este ano cresceu por causa de uma ambição do FSM: pôr em prática as idéias que prega. Assim, cerca de 70% dos recursos serão destinados à construção do Território Social Mundial, uma forma de bioconstrução com pré-moldados e tendas, que está sendo armada junto à orla do Rio Guaíba, entre o Cais do Porto e o Parque Marinha do Brasil. As conferências, que antes eram fechadas, nos salões da PUC, serão nesses espaços mais populares.
¿ As formas alternativas que o Fórum Social defende estarão sendo aplicadas, como a economia solidária e o software livre ¿ afirma Cândido Grzybowski, do Comitê Internacional do FSM.
Serão usadas no FSM nada menos que 14 línguas, as mais faladas pelos integrantes do evento. Cerca de 400 tradutores voluntários farão a tradução simultânea dos principais eventos em árabe, tupi-guarani e basco, entre outros idiomas.
Evento terá ainda 20 fóruns mundiais paralelos
Além das mais de 2.600 atividades do FSM ¿ como encontros de juízes, parlamentares e sindicalistas ¿ foram estruturados cerca de 20 fóruns mundiais paralelos. O FSM atraiu o Fórum Mundial da Saúde, o das Migrações (que defende o fim da clandestinidade dos imigrantes) e até o Dignidade, que reunirá organizações indianas de sem-casta.