Título: Bush chama pai e Clinton para levantar doação
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Fonte: O Globo, 04/01/2005, O Mundo, p. 23

Kofi Annan teme que as promessas de US$2 bilhões em ajuda internacional às vítimas não se concretizem

WASHINGTON. Após as críticas de que a ajuda inicial do governo americano às vítimas das tsunamis era irrisória, o presidente George W. Bush convocou ontem dois ex-presidentes para comandar os esforços para levantar doações privadas em seu país: seu antecessor, Bill Clinton, e seu próprio pai, George Bush. Além disso, despachou o secretário de Estado, Colin Powell, e seu irmão, o governador da Flórida, Jeb Bush, para a Ásia para ver os estragos da tragédia.

¿ A maior fonte de generosidade nos Estados Unidos não é o governo e sim o bom coração dos americanos ¿ disse Bush, anunciando a visita de seu pai e Clinton às embaixadas de Indonésia, Sri Lanka, Índia e Tailândia: os quatro países mais atingidos.

Ajuda a Bam ficou bem abaixo do prometido

Clinton e Bush pai vão pedir que cidadãos e empresários doem dinheiro às organizações não-governamentais que estejam ajudando as vítimas e a reconstrução dos países atingidos pelas tsunamis.

O governo americano inicialmente prometera US$15 milhões, mas aumentou a doação até chegar a US$350 milhões, após fortes críticas. O secretário de Estado, Colin Powell, disse ontem que não acredita que essa cifra aumente. Ele fez o comentário ao embarcar para Bangcoc numa viagem por Tailândia, Indonésia e Sri Lanka com Jeb Bush, que liderou os trabalhos de ajuda na Flórida após uma série de furacões.

¿ O presidente quer que demonstremos o compromisso dos EUA com as nações da região e que façamos uma avaliação para ver o que mais é necessário ¿ disse Powell.

Até o momento, doadores internacionais prometeram cerca de US$2 bilhões.

¿ Não vejo necessidade de assistência financeira adicional ¿ comentou o secretário.

Embora a ajuda seja a maior já oferecida, ela provavelmente não será concretizada, advertiu o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

¿ Se revermos a História, sim, tenho essa preocupação. Recebemos (promessas de) mais de US$2 bilhões, mas é muito provável que no final não recebamos toda ela ¿ disse Annan, que partia ontem de Nova York para a região.

Como exemplo, ele citou a ajuda prometida à cidade iraniana de Bam, arrasada por um terremoto em 26 de dezembro de 2003. Dos US$1,1 bilhão prometidos, apenas US$17,5 milhões chegaram até o momento, segundo o jornal britânico ¿Guardian¿. Muitos dos moradores de Bam ainda estão em abrigos.

Na quinta-feira, Annan deve lançar um pedido mundial de ajuda na conferência de doadores em Jacarta, Indonésia. Ele espera que a atenção gerada pela dimensão da tragédia melhore as chances de os doadores cumprirem ¿uma parte substancial¿ das promessas de ajuda.

¿ Mas eu não me surpreenderia se não recebêssemos todo o dinheiro ¿ ressaltou.

UE não quer intervalo entre emergência e reconstrução

Em Bruxelas, a União Européia advertiu que não deve haver intervalos entre a assistência emergencial e os esforços de reconstrução. A Comissão Européia já prometeu US$31 milhões, mas pode ainda destinar mais US$391 milhões em ajuda disponível.

O Banco Mundial, por sua vez, disse que poderia duplicar ou triplicar a ajuda de US$250 milhões já prometida. E o governo dinamarquês aumentou ontem sua ajuda para US$ 75,5 milhões.