Título: BOLSA FECHOU 2004 COM SALDO POSITIVO DE INVESTIMENTO EXTERNO DE R$1,8 BI
Autor: Patrícia Eloy
Fonte: O Globo, 06/01/2005, Economia, p. 20

Resultado mostra recuperação do mercado, mas é 76% menor que o de 2003

As aplicações de investidores estrangeiros em ações brasileiras recuaram 76% em 2004 na comparação com o ano anterior, quando a diferença entre a compra e a venda de papéis registrou recorde no Plano Real: R$7,494 bilhões. Balanço das operações de dezembro divulgado ontem pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) mostra que o saldo estrangeiro foi de R$1,803 bilhão entre janeiro e dezembro de 2004. Apenas no último mês do ano, o saldo foi de R$1,035 bilhão. O resultado é o segundo melhor do ano, acima dos R$851 milhões do mês anterior, mas abaixo do R$1,281 bilhão de 2003.

Apesar da forte queda no balanço de investimento estrangeiro, as compras e as vendas de ações atingiram em dezembro o maior volume mensal dos últimos três anos: somaram R$9,248 bilhões e R$8,213 bilhões, respectivamente. Isso mostra a forte disposição destes investidores em aplicar no mercado de ações brasileiro, que se recuperou depois de amargar cinco meses consecutivos ¿ de junho a outubro ¿ de saldo estrangeiro negativo.

¿ O ano de 2003 foi atípico para a Bolsa, que, após anos de perdas e a forte especulação eleitoral de 2002, atraiu um número recorde de investidores, tanto estrangeiros como brasileiros. Seria difícil repetir o desempenho em 2004 ¿ explica Régis Abreu, diretor de Renda Variável da Mercatto Gestão de Recursos. ¿ Entretanto, o crescimento da Bolsa, a reboque da expansão econômica, aumentou a liquidez do mercado, o que, por sua vez, atraiu investidores mais ativos.

Cai a participação de investidores pessoa física

Em dezembro, os investidores institucionais (fundos de pensão) lideraram as operações em Bolsa: responderam por 29,6% dos negócios, ante 27,7% de novembro. Em segundo lugar, ficaram os estrangeiros, que movimentaram 27% das operações. Já os investidores pessoa física, que haviam liderado os negócios em novembro (28,9%), caíram para a terceira posição, respondendo por 24,5% das operações em Bolsa.

Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da corretora NGO, explica que, após a forte alta dos últimos meses, quando a Bolsa bateu seguidos recordes de pontuação, alguns investidores pessoa física aproveitaram para garantir o lucro obtido. Com isso, houve a queda na participação.