Título: IGP-DI, QUE REAJUSTA TELEFONIA, SOBE A 12,14%
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 06/01/2005, Economia, p. 21

Alta em 2004 foi de 6,27% no varejo e de 14,67% no atacado. Em dezembro, taxa caiu a 0,52%, abaixo da previsão

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-DI), que inclui variações no atacado e no varejo, subiu 12,14% no ano passado, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2003, o IGP-DI ficara em apenas 7,67%, graças sobretudo à queda de 18% do dólar naquele ano ¿ em 2004, a moeda recuou 8% frente ao real. Na composição do IGP-DI, os preços ao consumidor, que têm peso de 30% no índice, subiram 6,27% em 2004. Foi uma alta bem menor do que a registrada no atacado, que responde por 60% da taxa geral e subiu 14,67% no ano passado. Já os custos da construção civil, com peso de 10%, tiveram variação de 11,02% no ano.

O IGP-DI é usado nos reajustes de telefonia fixa. Mas a correção das tarifas ocorre em junho e tem como referência o índice acumulado em 12 meses na ocasião, e não a taxa fechada do ano anterior.

Unibanco espera que IGP-DI fique em 6% este ano

Para 2005, os analistas esperam uma pressão menor no IGP-DI. O economista Adriano Lopes, do Unibanco, prevê uma alta de apenas 6% no ano, graças à provável estabilidade nos preços das commodities industriais e agrícolas e à expectativa de uma safra recorde. Em dezembro, altas menores nas commodities minerais já contribuíram para segurar a inflação. Os preços do grupo ferro, aço e derivados, que em novembro subiram 1,05%, no mês passado tiveram alta de apenas 0,34%. No ano, esse grupo exerceu a maior pressão no atacado, com variação de 57,66%.

¿ Os números de dezembro podem ser um sinal de que essa alta avassaladora da cadeia siderúrgica ocorrida em 2004 tende a não se repetir nos próximos meses. O aumento nos preços do aço pode estar chegando a um limite ¿ afirma Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV.

Dólar e petróleo ajudam a segurar índice em dezembro

Os preços do aço em 2004 foram puxados por um aumento na demanda mundial, que afetou também os insumos metálicos: o minério de cobre subiu 43,72% e o minério de ferro, 25,99%. Os números da FGV mostram que, em 2004, a grande pressão na inflação veio dos bens intermediários, com alta de 25,84%. Mas o repasse desse aumento foi limitado até mesmo no atacado: os bens de consumo finais subiram só 9,45%.

¿ Isso explica porque os preços ao consumidor não aumentaram tanto. E já houve tempo para repasses: parte dessa pressão parece ter sido amortizada ¿ diz Quadros, da FGV.

Em dezembro, a inflação medida pelo IGP-DI caiu para 0,52%, contra 0,82% em novembro, num resultado bem abaixo das expectativas do mercado -¿ os analistas esperavam uma alta entre 0,70% e 0,80%. Élson Teles, da Fides Asset Management, diz que os preços industriais foram a surpresa positiva, com alta de 0,48%, contra 1% em novembro. Os preços ao consumidor subiram 0,63% em dezembro.

Além da alta menor das commodities minerais, contribuíram para segurar a inflação em dezembro o recuo nos preços do petróleo e a queda do dólar. Segundo Quadros, da FGV, o câmbio influenciou os preços da indústria química, que subiram só 0,79%, contra 3,20% em novembro.