Título: ACIONISTAS DA ENRON SERÃO INDENIZADOS
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Fonte: O Globo, 10/01/2005, ECONOMIA, p. 16

Ex-diretores aceitaram pagar US$168 milhões por colapso da empresa

NOVA YORK. Vários ex-diretores da Enron fecharam um acordo no valor total de US$168 milhões sobre uma ação de indenização movida por investidores afetados pelo colapso da outrora gigante do setor de venda de energia, informou no fim da sexta-feira o principal queixoso no caso, a Universidade da Califórnia. Os diretores pagarão mais de US$13 milhões de seu próprio bolso, enquanto os US$155 milhões restantes serão pagos por seguradoras, segundo a universidade.

O acordo acontece depois de outro semelhante ter sido anunciado na sexta-feira por investidores da WorldCom, outra empresa envolvida em um escândalo contábil. No caso da WorldCom, dez executivos aceitaram pagar US$18 milhões como parte de um acordo de US$54 milhões.

Acordos semelhantes com outras empresas

Antes do colapso da Enron se transformar no maior caso de falência da história dos Estados Unidos, a empresa era a sétima maior do país cotada em bolsa em termos de receita. Em um comunicado publicado em seu site, a Universidade da Califórnia disse que, na próxima semana, tentará uma aprovação preliminar da Justiça para o acordo.

Ainda não foi fechado, entretanto, nenhum acordo com os principais executivos da empresa, incluindo seus ex-presidentes-executivos Kenneth Lay e Jeffrey Skilling e seu ex-presidente-financeiro Andrew Fastow, informou a universidade.

Outros acordos fechados no caso incluem US$222,5 milhões com o Lehman Brothers, US$69 milhões com o Bank of America e US$40 milhões com Andersen Worldwide, braço da Arthur Andersen fora dos Estados Unidos, acrescentou a Universidade.

A Enron pediu concordata no mês de dezembro de 2001, e seu colapso resultou no fechamento de milhares de postos de trabalho e de perda de bilhões de dólares para os detentores de suas ações.

Colapso da Enron acabou desencadeando devassa

Após o colapso da empresa, as autoridades americanas reviram procedimentos de governança corporativa, controle e prevenção de fraudes. Em decorrência das investigações, uma onda de acusações pôs em dúvida a credibilidade de grandes corporações americanas, firmas de auditagem e corretoras.

O ex-presidente Kenneth Lay chegou a ser preso pelo FBI (polícia federal americana) em julho do ano passado. Ele responde a 11 acusações relacionadas ao período em que dirigiu a companhia, entre elas, conspiração, fraude bancária e falso testemunho. Lay afirma ser inocente.