Título: Lamentável
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Fonte: O Globo, 11/01/2005, Opinião, p. 6

As exportações tiraram a economia brasileira da estagnação. Se estimuladas, podem garantir ao país um futuro promissor, que já começa a se delinear, com um desenvolvimento mais harmonioso, voltado também para o interior. O Estado do Rio de Janeiro, cujo peso no comércio exterior brasileiro não era expressivo, vem participando desse processo em várias frentes. A exportação de petróleo e derivados, por exemplo, motivou uma série de investimentos que viabilizaram inclusive a reativação da indústria da construção naval. Grandes investimentos para a siderurgia estão previstos graças a essa perspectiva de vendas para o mercado externo. O Rio passou a ter uma indústria automobilística dinâmica, que exporta um quarto de sua produção. O Porto de Sepetiba está deixando de ser sonho para se tornar realidade exatamente por ser uma das melhores opções para a exportação das regiões Sudeste e Centro-Oeste.

O comércio exterior tem ainda impulsionado setores nos quais estão mais presentes empresas de pequeno e médio portes, como é o caso da moda íntima e das confecções em geral.

O governo federal levou tempo para entender que as exportações seriam a alavanca capaz de tirar a economia brasileira da estagnação. O bom desempenho das exportações em 2004 fez com que o câmbio se acomodasse e isso ¿ possivelmente mais que a política de juros altos ¿ evitou que os preços internos sofressem o forte impacto da elevação das cotações de petróleo, metais e de outros insumos importantes no exterior.

Mas tal compreensão sobre o papel das exportações parece não ser partilhada por governos estaduais. Negociações (até justas, por sinal) com o Tesouro para compensações sobre o efeito que desonerou as exportações de carga fiscal são conduzidas pelos estados como se estivessem diante de um estorvo.

Com sua tradicional voracidade tributária, a Assembléia Legislativa do Rio resolveu dar guarida a projeto do governo estadual, no apagar das luzes de 2004, que cria embaraços para os exportadores. É lamentável, pois isso pode prejudicar futuros investimentos no estado. A lei precisa ser revista o quanto antes.