Título: Sebrae incentiva novos pólos de moda no Rio
Autor: Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 12/01/2005, Economia, p. 29

Três novos pólos de confecções, ou arranjos produtivos locais (APLs), estão prestes a surgir no Estado do Rio, aumentando a participação das micro e pequenas empresas na indústria têxtil fluminense. De acordo com estudos do Sebrae/RJ, Campos, no Norte Fluminense, Baixada Fluminense e Região Metropolitana do Rio concentram confeccionistas de diferentes segmentos com potencial para formação de cadeias de produção organizadas. Terminada a avaliação, o Sebrae vai começar a capacitar os profissionais.

Segundo o diretor-superintendente do Sebrae/RJ, Sérgio Malta, um estudo preliminar da organização identificou que em Campos, por exemplo, há uma grande concentração de fabricantes de uniformes escolares e de jeans, enquanto na Baixada Fluminense o forte são roupas e acessórios de moda em geral. Já na Região Metropolitana existem grupos de confeccionistas especializados em moda masculina.

¿ O Sebrae está concluindo diagnósticos sobre esses diferentes grupos de empreendedores para que se transformem em arranjos produtivos locais. Um dos desafios do Sebrae este ano é melhorar ainda mais o atendimento às micro e pequenas empresas. No caso da indústria têxtil e de confecção fluminense, as micro e pequenas representam 70% e precisam ser cada vez mais valorizadas ¿ ressaltou.

Abit: setor tem melhor exportação desde 1999

O secretário estadual de Desenvolvimento, Humberto Motta, afirmou ontem, durante a abertura do Fashion Rio, evento de moda e negócios que acontece no Museu de Arte Moderna (MAM), que o estado vai incentivar a criação de APLs e cooperativas no setor têxtil e em outros segmentos.

¿ Nos últimos quatro anos o setor tem crescido de 10% a 12% no estado. Vamos dar ênfase à criação de arranjos produtivos e cooperativas, inclusive comprando parte da produção dentro do projeto Compra Rio. Um dos objetivos é comprar, por exemplo, uniformes escolares.

Segundo o secretário, novas fábricas virão para o Rio. Uma delas é a nova unidade da grife de moda praia Salinas, na cidade de Valença. Enquanto o Rio descobre novos talentos, o setor têxtil brasileiro comemora os resultados das exportações de US$ 2,08 bilhões em 2004, 26% acima do registrado em 2003 e o melhor desempenho desde 1999, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). O faturamento do setor no ano passado chegou a US$ 25 bilhões.

Segundo o diretor da Abit Fernando Pimentel, o objetivo é retomar a participação de 1% no mercado mundial de têxteis, conquistada nos anos 80:

¿ Este é um desafio para os próximos anos. Por enquanto, o Brasil tem 0,5% do mercado mundial. O fim do Acordo Têxtil e de Vestuário (ATV), que por 40 anos estabeleceu regime de cotas de exportações, vai trazer oportunidades e desafios para os empresários brasileiros. China e Índia, os líderes no mundo, vão ganhar muito com isso. O comércio exterior no Brasil ainda é recente, e o que precisamos é realizar acordos de comércio com grandes blocos para aumentar nossa participação.