Título: GAROTINHO: 'GOVERNO DO PT MALTRATA RIO'
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Fonte: O Globo, 08/01/2005, O PAÍS, p. 8
Ex-governador diz que seu grupo só vota em petista se estado tiver verbas
SÃO PAULO. O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), e o secretário de Governo e Coordenação do Rio, Anthony Garotinho, fizeram ontem duras críticas ao governo federal e o acusaram de privilegiar a Prefeitura de São Paulo ao desbloquear recursos, apesar do atraso no pagamento de parcelas de sua dívida com a União. Segundo os peemedebistas, foram usados dois pesos e duas medidas, já que o Rio e o Paraná nunca contaram com a mesma compreensão.
- O governo do PT maltrata o Rio, não gosta do Rio e já deu provas inequívocas disto. Mas é profundamente apaixonado por São Paulo - ironizou Garotinho, afirmando que o acordo não visa a beneficiar o prefeito José Serra (PSDB), mas sim preservar a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) de críticas por não ter feito os repasses da dívida.
Requião insinuou que o tratamento dispensado a São Paulo pode ter relação com o apoio do PSDB à candidatura do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) à presidência da Câmara dos Deputados.
- Não me parece nada impossível que essa diferença de tratamento seja o preço do apoio do PSDB à presidência da Câmara. Vamos ver no resultado (da votação na Casa, em fevereiro) - disse Requião.
PMDB não tomou decisão sobre apoio a Greenhalgh
Requião e Garotinho afirmaram que, se fossem governo, fariam um acordo em favor de São Paulo, por ser o centro financeiro do país, mas fariam outros acordos pelo país.
- Pleiteamos tratamento isonômico e São Paulo sempre terá prioridade - disse Requião.
O PMDB ainda não decidiu sobre o apoio ou não a Greenhalgh. O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), disse que foi procurado pelo petista e agendou uma reunião com ele para amanhã. Segundo Temer, o PT precisa acabar com suas divergências e apoiar Greenhalgh para depois receber o apoio peemedebista.
Garotinho, no entanto, disse que dez dos deputados federais do PMDB do Rio não votarão em Greenhalgh:
- Coitado (do Greenhalgh), está pagando uma conta que não é dele. Mas para nós, só há uma possibilidade para apoio: o governo do Rio ser respeitado e tratado sem arrogância.
Garotinho quer que a Casa Civil libere R$390 milhões da chamada conta B, fundo criado em 1997, na privatização do Banerj, para pagar eventuais indenizações trabalhistas.
- Por causa da perseguição ao Rio, nossos deputados não cometerão suicídio político. Tenho 11 deputados (do total de 13 do PMDB do Rio). Dez votam como eu peço e o outro é evangélico e vota com a igreja - disse Garotinho.