Título: CHINA VAI FORMAR RESERVAS DE PETRÓLEO
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 08/01/2005, ECONOMIA, p. 26

País quer evitar impacto das oscilações dos preços no mercado externo

PEQUIM e NOVA YORK. A China - o segundo maior importador mundial de petróleo, atrás apenas dos EUA - anunciou a criação de um estoque reserva que, em cinco anos, terá 150 milhões de barris e funcionará como um colchão para as oscilações na produção e no preço do combustível e deverá suprir o crescimento acelerado do país.

Segundo Zhang Xiaoqiang, vice-ministro da Comissão de Reforma e Desenvolvimento Nacional da China, o consumo de petróleo no país ficará este ano acima do crescimento previsto da economia, de 8,5%. A China importa 40% do petróleo que consome, cerca de cinco milhões de barris por dia.

Até hoje, a China não possui um sistema de reservas estratégico de petróleo, como possuem os EUA e o Japão, por exemplo, e que garante uma folga sobre os impactos nas flutuações no preço do combustível. O país trabalha de fato com os estoques de suas estatais petrolíferas, que variam de dez a 30 dias.

- Vamos criar os estoques aos poucos e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade no uso do combustível de modo a chegarmos no padrão internacional. Nos países desenvolvidos, o aumento do consumo de combustível é metade do crescimento do PIB anualmente - disse Zhang.

A intenção da China é melhorar a qualidade do gasto de petróleo e reduzi-lo para que sua iniciativa de criar as reservas estratégicas não influencie na cotação dos barris.

Mercado internacional fica estável após fortes altas

No mercado internacional, as cotações do petróleo fecharam ontem estáveis, após terem avançado até 5,7% na véspera. O cenário, no entanto, voltou a ficar marcado pelas preocupações dos operadores em relação a um possível desabastecimento. A chegada de clima mais frio nos EUA e a perspectiva de corte da produção do combustível pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) alimentaram os temores.

Na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, o preço do Brent (referência internacional) fechou com alta de 0,7%, a US$43,18 o barril. Na quinta-feira, o Brent havia avançado 5,7%. Já na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril do cru leve americano seguiu o caminho inverso, perdendo 0,3% para US$45,43.

- O mercado tenta encontrar um equilíbrio - disse Mike Fitzpatrick, analista da Fimat.

A Opep advertiu que poderá reduzir sua produção para evitar que os preços caiam. Mas o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, disse que ainda é cedo para dizer se isso ocorrerá.