Título: Servidores do ensino público federal terão alta de 55% no piso salarial
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 13/01/2005, O país, p. 4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ontem em defesa do funcionalismo público e reconheceu que a maioria dos trabalhadores do governo federal ganha ¿aquém do que a dignidade da profissão exige¿. As declarações de Lula foram feitas durante a solenidade no Palácio do Planalto em que foi sancionado projeto que cria o plano de carreira dos servidores das universidades e escolas federais. O novo plano de carreira permitirá um aumento de 55% no piso salarial dos servidores do ensino público federal. O piso passará de R$ 452 para R$ 701,98 a partir de março.

Também ontem o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão autorizou a realização de concurso público para 3.300 professores efetivos das universidades e escolas federais. Serão 800 vagas para professores de ensino fundamental e médio e 2.500 para ensino superior.

O Ministério da Educação (MEC) pediu seis mil vagas para professores das universidades federais. Dessas, 3.300 estão sendo autorizadas agora. As demais serão preenchidas até o fim de 2006. Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), seriam necessários oito mil professores para preencher as vagas do quadro de pessoal das universidades federais.

Para Lula, o governo deu início a um processo de justiça na carreira dos servidores.

¿ É muito, mas não é tudo e, quem sabe, seja pouco ainda diante do que nós temos que fazer para consolidar um funcionalismo público que possa ser tratado com respeito e com decência neste país ¿ disse.

Lula ressaltou a qualidade e a dedicação do servidor, que, na sua opinião, é acima da média. Ele combateu idéias generalizadas de que os trabalhadores da iniciativa privada trabalham muito e ganham pouco, enquanto servidor público tem fama de trabalhar pouco e ganhar muito.

¿ É só pegar, aqui no Palácio do Planalto, 50 profissionais da mais alta competência e comparar com os salários da iniciativa privada e vocês vão perceber que os nossos ganham um terço. E o que me impressiona é a dedicação das pessoas.

Lula cobra coragem de sindicalistas

O presidente reconheceu que o Estado brasileiro tem dívidas históricas com o servidor e acrescentou que a intenção é construir uma base sólida para que a máquina pública seja tratada dignamente por qualquer governo, como ocorre nos países democráticos. Lula lembrou que no final da década de 80 e início da década de 90, ser funcionário público era sinônimo de ¿coisa ruim¿ e muitos tinham vergonha de dizer sua profissão.

No discurso, ao defender uma solução negociada para os impasses entre servidores e governo, o presidente comparou os sindicalistas a irmãos que brigam por qualquer motivo e cobrou coragem dos sindicalistas:

¿ Nem todos têm autoridade para chegar numa assembléia e propor parar a greve, porque a proposta é razoável. O primeiro que gritar lá embaixo assusta o orador e ele prefere permitir que a greve termine por inanição, que é a forma mais covarde de alguém ser dirigente sindical. É não ter coragem de dizer para a categoria aquilo que está na hora de fazer.