Título: BB entrega 4,7 mil armas para campanha
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 13/01/2005, O país, p. 10

A campanha do governo federal pelo desarmamento recebeu ontem de uma só vez 4,7 mil armas, todas do Banco do Brasil. O armamento estava guardado nas agências de todo o país desde 1983, quando a segurança deixou de ser feita pela própria instituição e foi assumida por empresas terceirizadas. A indenização que o banco receberá pela entrega dos revólveres, carabinas e metralhadoras servirá para financiar programas sociais ligados ao Fome Zero.

Quase a metade do armamento prometido, 2,3 mil unidades, foi entregue nas superintendências da Polícia Federal de 19 unidades da Federação. As outras armas deverão seguir o mesmo destino até o fim de fevereiro.

¿ Essas armas serão transformadas em vagas para alfabetização de brasileiros e projetos de geração de renda e emprego em todo o Brasil ¿ disse o vice-presidente de tecnologia e logística do banco, José Luiz de Cerqueira César.

Indenização pode render até R$ 1,4 milhão

Ainda não foram divulgados os ganhos do Fome Zero com a colaboração do Banco do Brasil. Como a Polícia Federal paga indenizações de R$ 100 a R$ 300 por arma, dependendo do calibre, a entrega das armas do banco renderá entre R$ 500 mil e R$ 1,4 milhão.

Trata-se do maior lote de armas doado por uma só instituição até agora na campanha, que recolheu 240 mil armas em 2004. Com o gesto do banco, a Polícia Federal espera que a população seja incentivada a participar da campanha. A expectativa é que o número de armas apreendidas chegue a 400 mil em julho deste ano.

O ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse ontem que o índice de homicídios no Estado de São Paulo em janeiro de 2004 caiu 18% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo Barreto, pelo menos cinco pontos percentuais da queda do índice podem ser atribuídos à campanha pelo desarmamento.

¿ Isso significa que 600 vidas foram poupadas. A campanha está literalmente salvando vidas ¿ disse o ministro.

Barreto informou que ainda existem nos cofres públicos R$ 20 milhões, que seriam suficientes para levar a campanha adiante até julho. E garantiu que, se for preciso mais, não vai faltar dinheiro para pagar as indenizações.

¿ Se forem necessários mais R$ 100 mil, vamos conseguir. Essa campanha é prioridade do governo ¿ afirmou.