Título: Justiça condena padre por abuso sexual em MG
Autor: Paula Rangel
Fonte: O Globo, 13/01/2005, O país, p. 11

O padre Geraldo da Consolação Machado foi condenado a oito anos e nove meses de prisão por atentado violento ao pudor pela Justiça mineira. Ele é acusado de abusar de uma criança de 11 anos no período em que esteve à frente da paróquia de Prados, há 12 anos. O rapaz, hoje adulto, denunciou o padre e foi seguido por outros moradores. A cidade, a cerca de 200 quilômetros de Belo Horizonte, tem pouco mais de seis mil habitantes, e o Ministério Público ofereceu denúncia contra o padre, que acabou condenado pela Justiça.

O padre não foi localizado na Paróquia de Resende Costa, na região de Campos das Vertentes, para onde foi transferido. Segundo seu advogado, Ivan Silva Barbosa, o religioso nega todas as acusações. Ele foi afastado pela Diocese de São João Del Rey até que o processo seja concluído. O advogado disse não saber da localização do padre Geraldo e afirmou que pretende recorrer da decisão. Ele tem cinco dias para apresentar o recurso. Segundo o advogado, enquanto não for julgado o recurso, o religioso ficará em liberdade.

A primeira denúncia contra o padre partiu de um lavrador de 23 anos que contou ter sofrido abusos dos 11 aos 16 anos de idade. Quando era criança, o menino morou durante cinco anos na casa paroquial, onde prestava serviços. Segundo o jovem, vários meninos e rapazes freqüentavam a casa paroquial; mulheres, raramente. O padre tinha videogames e oferecia cerveja aos meninos.

Em outro caso relatado à Justiça, um jovem diz que tentou suicídio duas vezes por causa das ações do padre. Ele foi atendido na Santa Casa de Prados e relatou os abusos a uma enfermeira.

Segundo o advogado da vítima, Ercio Quaresma, o padre fazia ameaças durante suas homilias. O advogado disse que ouviu das testemunhas que o religioso, na missa, dizia que um padre, quando sobe no altar, é a figura do Cristo encarnado e as pessoas que injuriassem a figura dele estariam sujeitas a um câncer de garganta. Isso provocava medo na paróquia, formada por pessoas humildes. O advogado acredita que em pelo menos oito casos há comprovação das denúncias de abuso sexual.