Título: Enterrado o dentista brasileiro morto no Aconcágua
Autor:
Fonte: O Globo, 13/01/2005, O país, p. 11

Em clima de muita emoção, amigos e parentes acompanharam ontem, no cemitério Pax, em Sorocaba, o enterro do corpo do dentista Eduardo Alvarenga da Silva. Ele morreu na última sexta-feira quando escalava com a mulher, a jornalista Rita Bragatto, o pico do Aconcágua, o ponto mais alto da América, na Argentina.

Rita Bragatto, ainda abalada e debilitada com o caso, evitou falar com a imprensa. Parentes afirmaram, porém, que ela teria dito que pretende voltar a escalar o monte como uma última homenagem ao marido.

A família da jornalista não quis se pronunciar ontem sobre a acusação de negligência ao casal de alpinistas, feita pelo diretor de Recursos Naturais Renováveis do Ministério do Meio Ambiente de Mendoza, Leopoldo León, também responsável pela administração do parque onde se localiza a montanha. De acordo com relatório sobre o acidente, assinado por León, o casal brasileiro não quis contratar guias, apesar de não conhecer o local.

Eduardo morreu congelado depois de chegar ao cume do Aconcágua e passar a noite na neve. Uma amiga, a jornalista Margarete Boarini, pediu a compreensão dos jornalistas para o estado emocional dela e da família. A amiga disse que hoje Rita deve divulgar uma nota sobre o comentário de ter havido negligência por parte do casal.

De acordo com o relatório do responsável pelo Parque Aconcágua, Eduardo e Rita não quiseram contratar guias para levá-los ao cume da montanha por considerem muito alto o preço do serviço, de cerca de US$ 2 mil. Eles teriam decidido ¿simplesmente contratar mulas¿.

O documento da autoridade argentina informa que Rita teria comentando que seu marido havia sentido dores no peito em um acampamento na subida.

Família está deprimida, mas resignada

O corpo do dentista foi velado na Igreja Presbiteriana de Sorocaba. Amigos comentaram que, embora a família esteja deprimida, encontra forças para se resignar no fato de saber que Eduardo e Rita estavam fazendo o que queriam. Para eles, a morte do dentista foi uma fatalidade. Rita, que sofreu princípio de congelamento nas pernas durante a escalada, ainda está com problemas nas articulações.