Título: Agência de classificação de risco Moody¿s pode elevar a nota do Brasil
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 13/01/2005, Economia, p. 24

A agência de classificação de risco Moody¿s Investors Service acenou ontem com a possibilidade de elevar a nota de crédito do Brasil, o que fez a taxa do risco-Brasil e o dólar recuarem e a Bolsa de Valores de São Paulo e os títulos da dívida subirem. Também influenciou o mercado a divulgação do déficit comercial recorde dos EUA em novembro, de US$ 60,3 bilhões.

A agência mudou a perspectiva da nota brasileira ¿ que indica a tendência da avaliação de risco ¿ de neutra para positiva. Isso significa que há, hoje, maiores chances de a nota ser elevada a médio prazo. A última vez que a Moody¿s alterou o crédito do país foi em setembro do ano passado, quando subiu a nota brasileira de B2 para B1, ambas consideradas ¿grau especulativo¿, ou seja, um investimento de alto risco.

Moody¿s destaca melhora da dívida e dos resultados fiscais

Em comunicado ao mercado, a agência explica que a mudança na perspectiva deve-se à forte queda na relação entre a dívida externa brasileira e o resultado em conta corrente do país (que hoje resulta num superávit). A Moody¿s lembra que o percentual caiu à metade desde 1999. Dados de mercado mostram que a dívida representava 300% do resultado da conta corrente e hoje responde por cerca de 120%. A agência também destaca os sólidos resultados fiscais e a mudança na composição da dívida interna, com redução na parcela atrelada ao câmbio.

A perspectiva de melhora na nota fez o dólar recuar 0,84%, cotado a R$ 2,699. A queda é a maior desde o dia 29 de dezembro (-0,85%). Nem mesmo a atuação do Banco Central (BC) ¿ que comprou dólares a R$ 2,706 ¿ conseguiu impedir a queda.

O risco-Brasil caiu 3,24%, marcando 418 pontos centesimais ao fim do dia e o C-Bond, um dos títulos mais negociados da dívida externa brasileira, subiu 0,50%, cotado a 101,35 do valor de face. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 0,57%, aos 24.509 pontos.

Vendas pelo Tesouro Direto cresceram 41,98% em 2004

Balanço divulgado pelo Tesouro Nacional mostra que as vendas de títulos públicos para pessoas físicas pela internet ¿ o Programa Tesouro Direto ¿ cresceram 41,98% em 2004 na comparação com o ano anterior. Os investidores compraram R$ 359,5 milhões em papéis do governo no ano passado. Em 2003, esse valor foi de R$ 253,2 milhões. O Tesouro Direto, criado em 2002, tem hoje 32.796 investidores. Só em 2004, 11.880 pessoas se cadastraram e o valor médio das operações variou entre R$ 6 mil e R$ 9 mil.