Título: Comprar lá fora pode ficar mais caro para os turistas
Autor: Helena Celestino, Ledice Araujo, Fernanda Medeiros
Fonte: O Globo, 14/01/2005, Economia, p. 27

O ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, afirmou ontem que o governo está atento à movimentação de turistas brasileiros rumo ao exterior ¿ sobretudo aos Estados Unidos ¿ e poderá tomar medidas para frear esse impulso, caso a situação se agrave. Entre essas medidas estaria a adoção do dólar turismo, que já tem valor diferenciado, como referência para os gastos de turistas no exterior.

Hoje o dólar comercial é usado como referência para os investidores, inclusive os turistas. A cotação, entretanto, é pouco mais baixa que a do dólar para viagens. Ontem, por exemplo, o comercial encerrou os negócios cotado a R$ 2,699. Já o turismo era negociado a R$ 2,80.

Outra medida poderia ser a intensificação de campanhas publicitárias para incentivar os brasileiros a gastarem dentro do país.

¿ Entre 1990 e 2002, a balança do turismo ficou negativa em US$ 22 bilhões. Esse dinheiro ficou lá fora e não gerou um emprego sequer no Brasil ¿ lembrou o ministro, acrescentando que esse desequilíbrio não poderá se repetir.

Apesar do saldo da conta turismo (diferença entre gastos de brasileiros no exterior e de estrangeiros no Brasil) ter ficado favorável ao Brasil em US$ 350 milhões no ano passado até novembro, naquele mês começou a haver uma inversão na tendência, e o fluxo de brasileiros que viajaram para o exterior cresceu 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, o Brasil ainda teve uma vantagem no mês de US$ 2 bilhões, segundo Mares Guia, pois o número de estrangeiros com destino ao país foi 15% maior.

Para o ministro, a queda na cotação do dólar está incentivando as viagens internacionais, com impactos não apenas no Brasil, mas também na Europa. Ele afirmou, porém, que as conseqüências da valorização do real para a balança do turismo ainda não são preocupantes. A estimativa do governo ainda é de um saldo líquido de US$ 300 milhões em dezembro e janeiro por causa dos estrangeiros que vieram para o Ano Novo e ficaram para a temporada.