Título: Projeto vai custar R$ 4,5 bilhões
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 17/01/2005, O País, p. 8

O governo já está montando o modelo de gestão das águas que sairão do rio São Francisco rumo ao semi-árido. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) criará uma subsidiária especialmente para operar os canais e administrar um sistema de vigilância com câmeras, barcos e veículos. De acordo com o coordenador do projeto, Pedro Britto, do Ministério da Integração Regional, essa etapa é tão importante quanto a obra em si, prevista para começar em abril, com duração de dois anos.

O Orçamento de 2005 destinou R$ 600 milhões à construção dos dois canais. O investimento pesado será feito em 2006. Os canais, aquedutos, adutoras e reservatórios sairão, diz o governo, por cerca de R$ 3,7 bilhões de um total de R$ 4,5 bilhões, o custo previsto.

De acordo com o governo, no primeiro momento as bombas vão captar do São Francisco apenas 1% das águas lançadas ao mar pelo rio, ou cerca de 26 metros cúbicos por segundo. Isso, afirmam os técnicos do ministério, seria suficiente para o uso humano e animal da água. A outorga concedida pela Agência Nacional de Águas (ANA) é de manter uma média máxima anual de 61,3 metros cúbicos por segundo. Entretanto, os canais terão capacidade instalada de 127 metros cúbicos por segundo.

Britto explica que a vazão poderá aumentar no período de chuvas, desde que a média seja mantida. Esse ponto é um dos que provocam inúmeras críticas ao projeto. Para o secretário-executivo do Comitê da Bacia do São Francisco, Luiz Carlos Fontes, essa conta é uma fantasia.

¿ A barragem de Sobradinho só teve cheias em 1992 e em 2004. É mentira que só serão bombeados 26 metros cúbicos por segundo. O que existe é manipulação dos números ¿ acusa. ¿ Essa obra não é destinada a resolver o problema da sede no Nordeste, mas a empreendimentos voltados à agricultura de exportação. Pode ser legítimo, mas precisa ser dito nesses termos pelo governo. (Lydia Medeiros)