Título: Uma América Latina dividida?
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 17/01/2005, O Mundo, p. 19

Em relação à América Latina, a análise das agências americanas de inteligência diz que ¿países da região que estão se adaptando de forma mais efetiva aos desafios vêm construindo instituições democráticas mais robustas para implementar políticas mais inclusivas e positivas e melhorar a confiança dos cidadãos e dos investidores¿.

No entanto, em alguns deles, ¿as falhas das elites em se adaptar às crescentes exigências dos mercados livres e da democracia provavelmente alimentarão um renascimento do populismo e incitarão movimentos indígenas¿, adverte a previsão para os próximos 15 anos.

Globalização deve separar Cone Sul de México e América Central

A globalização, segundo o estudo do Conselho Nacional de Inteligência dos EUA, poderá aprofundar a divisão e servir para separar ainda mais os países latino-americanos em termos econômicos, comerciais e de investimentos. ¿À medida que o Cone Sul ¿ particularmente Brasil e Chile ¿ buscam novos parceiros na Ásia e na Europa, a América Central e o México, junto com os países andinos, poderão ficar para trás e permanecer dependentes dos EUA e do Canadá como seus parceiros comerciais preferenciais e fornecedores de ajuda¿, diz um trecho.

Segundo a análise, a ineficácia de governos evitou que muitos países da região alcançassem benefícios econômicos e sociais gerados pela maior integração da economia global na década passada. ¿Em vez disso, a distância entre ricos e pobres aumentou. Nos próximos 15 anos, os efeitos do contínuo crescimento econômico e da integração global deverão ser desiguais e fragmentários¿, diz o estudo.

Em função disso, aumentarão os riscos do aparecimento de líderes populistas, historicamente comuns na região, que jogariam com as preocupações populares diante de desigualdades entre os que têm algo e os que nada têm nos países mais frágeis da América Central e dos países andinos, assim como em partes do México.