Título: Tensão pré-Copom: bancos já elevam os juros
Autor: Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 18/01/2005, Economia, p. 19

Mesmo antes da primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que deve anunciar amanhã nova alta da taxa básica da economia, a Selic, alguns bancos já aumentaram os juros do cheque especial este mês. Pesquisa divulgada ontem pelo Procon de São Paulo mostra que a taxa média do cheque especial subiu de 8,06% ao mês, em dezembro, para 8,10%, o equivalente a 154,57% ao ano.

Em entrevista ao programa Canal Livre, exibido no domingo à noite pela ¿TV Bandeirantes¿, Palocci afirmou que o BC continua preocupado com a trajetória futura dos preços e acenou com um novo aumento da Selic. Os analistas de mercado apostam que o Banco Central (BC) promoverá amanhã a quinta alta consecutiva da taxa básica de juros (Selic), que poderá subir de 17,75% ao ano para 18,25% ao ano.

Itaú e Real cobram as taxas mais altas

O motivo está no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para o sistema de metas de inflação do governo, que apresentou uma variação maior do que o esperado em dezembro. Para os economistas ouvidos na pesquisa semanal ¿Focus¿ do BC, a estimativa do IPCA para 2005 continua acima da meta de 5,1% e pode atingir este ano 5,7%.

O Procon coletou as taxas praticadas por dez dos maiores bancos do país na primeira semana de janeiro e constatou que três deles haviam alterado os juros mensais cobrados dos clientes: Caixa Econômica Federal (de 7,33% para 7,45%), Itaú (de 8,25% para 8,40%) e HSBC (de 8,25% para 8,37%).

Os demais ¿ Banespa, Bradesco, Banco do Brasil, Real ABN-Amro, Unibanco, Santander e Nossa Caixa ¿ mantiveram os valores dos juros de dezembro. Com a elevação de suas taxas este mês, o Itaú alcançou o Real ABN-Amro, e agora ambos ostentam as maiores taxas do mercado para a utilização do limite do cheque especial. A menor taxa, a despeito do aumento, é a da Caixa Econômica Federal: 7,45% ao mês.

Nos financiamentos para o crédito pessoal, dos dez bancos pesquisados apenas um, o HSBC, aumentou suas taxas este ano, de 5,08% para 5,10% ao mês. O movimento foi insuficiente para alterar o juro médio nessa modalidade de crédito, de 5,22% mensais, ou 84,13% ao ano. No crédito pessoal, de novo, Itaú e Real são os campeões dos juros altos, 5,70% ao mês, enquanto o banco Nossa Caixa tem a taxa mais em conta, 4,10% mensais.

A pesquisa, segundo o Procon-SP, confirma a tendência de alta dos juros, que deve se manter, já que as projeções de inflação para o ano continuam acima da meta. Além disso, o órgão lembra que nesta época as despesas aumentam, seja por causa de dívidas contraídas no fim do ano, pelo acúmulo de tributos, como IPVA e IPTU, ou pela compra de material escolar e gastos com as matrículas escolares. Diante dessa perspectiva, o estudo do Procon-SP recomenda: ¿O consumidor deve ser cauteloso, evitando contrair dívidas¿.

No mercado financeiro, com a expectativa dos investidores de uma alta da Selic, os Depósitos Interfinanceiros (DI) de março fecharam em 18,27% ao ano, contra 18,20% do fechamento de sexta-feira. O DI de julho teve a taxa elevada de 18,55% para 18,64%. A taxa do vencimento de outubro subiu de 18,51% para 18,63% anuais.