Título: BURACO NEGRO: JERSON KELMAN RESSALTA O PROBLEMA DE IMPACTOS AMBIENTAIS
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Fonte: O Globo, 15/01/2005, Economia, p. 24
Jerson Kelman tomou posse ontem como diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dizendo que está afastado o risco de se repetir o racionamento de 2001. Segundo ele, os recentes apagões no Rio e no Espírito Santo se relacionam à quebra de equipamentos. Kelman afirmou que cabe à Aneel verificar se a falha ocorreu por um erro operacional ou por questões de manutenção ruim de equipamentos e decidir soluções e punições.
O novo diretor-geral enfatizou que trabalhará em conjunto com os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente para solucionar os entraves ambientais em projetos de hidrelétricas e usinas térmicas.
¿ O termo apagão tem um significado muito negativo e assusta a população. Mas não há perspectiva de que se repitam os episódios de 2001. Aquele risco não existe mais ¿ disse Kelman, que comandava a Agência Nacional de Águas (ANA).
Segundo ele, a experiência na ANA será importante para auxiliar a análise de projetos com impacto ambiental. Kelman ressaltou que o governo saiu da situação em que avaliava cada item de um projeto e, muitas vezes, vetava uma proposta que tinha interesse econômico ¿ agora, devem ser considerados os dois lados.
Nos dois primeiros anos do governo Lula, empresários do setor elétrico se queixaram muito da demora do Ibama para conceder licenças para usinas.
¿ Não existe impacto ambiental nulo. Mas também é preciso levar em conta a geração de empregos e o desenvolvimento na hora de se aprovarem os projetos ¿ afirmou o diretor-geral da Aneel.
Kelman salientou que a agência necessita de recursos para fiscalizar e fazer a regulação do setor. Segundo ele, um dos pontos urgentes será a elaboração de um plano de cargos e salários, pois as empresas privadas estão atraindo os técnicos da agência. Em 2004, a Aneel teve um orçamento aprovado de R$180 milhões, mas apenas R$85 milhões foram liberados. O volume previsto para 2005 é semelhante. O receio do diretor está no contingenciamento e no posterior corte de recursos:
¿ A prioridade é que haja um ambiente estável para o trabalho da Aneel e que ela não seja um treinamento para os técnicos se transferirem para a iniciativa privada.
ANP terá diretor interino a partir de segunda-feira
A cerimônia de posse também homenageou José Mário Abdo, antecessor de Kelman, que ficou sete anos no cargo e enfrentou a crise do racionamento. Na época, houve forte pressão para sua saída. Num breve discurso, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, elogiou a eficiência da agência. Mas a percepção no mercado é que o novo modelo do setor, aprovado em 2004, tirou poder da Aneel.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) será comandada interinamente a partir de segunda-feira pelo diretor Haroldo Lima, informou ontem o Ministério de Minas e Energia. O mandato do atual diretor-geral, embaixador Sebastião do Rêgo Barros, termina hoje. Ele esteve ontem no Palácio do Planalto para se despedir do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e equipe. Lima é um forte candidato a assumir a ANP, segundo fontes, uma vez que o governo quer alguém com perfil técnico e experiência no setor de petróleo.