Título: PRESOS NEGAM PARTICIPAÇÃO EM SEQÜESTRO DE JORNALISTA
Autor:
Fonte: O Globo, 20/01/2005, O País, p. 12
O laudo do IML (Instituto Médico-Legal) atestando que são de animais e não humanos os ossos encontrados num campo de futebol na Zona Sul de São Paulo provocou uma reviravolta no caso do jornalista Ivandel Godinho, seqüestrado em 2003. Ontem, dois dos três suspeitos presos mudaram sua versão, negaram participação no caso e disseram ter sido torturados pela polícia para confessar o seqüestro e o assassinato de Ivandel. A família do jornalista divulgou nota qualificando de leviana a atuação da polícia.
A Divisão Anti-Seqüestro (DAS), que investiga o caso, mantém sua versão e diz ter identificado o quinto suspeito do seqüestro do jornalista. A polícia também procura outro suspeito já identificado: Sidney Correia, o Sidinelson, que seria o mandante do crime. A participação deles teria sido apontada pelos três suspeitos presos: o menor G., Fabiano Pavan do Prado e Wilson de Moraes Silva.
A advogada Patrícia Penna Saraiva Marques, defensora de Prado e de Silva, disse que eles afirmaram ter sido forçados a assinar um termo de confissão. Segundo ela, os dois relataram agressões físicas e psicológicas. Contaram que receberam, já pronto para ser assinado, um termo de declaração confessando o seqüestro. Os suspeitos disseram serem da DAS os policiais que os teriam pressionado para confessar o crime.
Advogada de suspeitos quer novos depoimentos
Ainda segundo a advogada, os suspeitos foram obrigados a identificar, por fotografias, Sidinelson (que seria mandante do crime) e o irmão de Ivandel. Pelo relato deles, a polícia os pressionou para dizer que as pessoas das fotos haviam seqüestrado Ivandel e levado-o para o cativeiro, onde os dois teriam tomado conta dele. Ela quer que eles refaçam o depoimento.
A polícia negou a acusação e disse que os suspeitos foram ouvidos na presença de seus parentes e que os depoimentos são válidos.
A Justiça prorrogou por mais dez dias a prisão temporária dos três suspeitos, presos no 77º Distrito Policial. O laudo do IML foi entregue ontem à DAS, informando que os fragmentos de ossos encontrados em Capão Redondo são de animais. O delegado Wagner Giudicce disse que não vai mudar a linha de investigação porque ele e sua equipe estão convencidos da participação dos três no seqüestro e morte de Godinho.
Ontem a DAS iniciou novas buscas no local onde foram encontrados os ossos. A polícia também voltou ao cativeiro à procura de novas pistas, mas nada foi encontrado.