Título: DÍVIDA FEDERAL SUBIU 11% EM 2004
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Fonte: O Globo, 20/01/2005, Economia, p. 29

A dívida mobiliária federal (em títulos públicos) cresceu 11% em 2004 e fechou o ano acumulada em R$812 bilhões, em comparação a R$731,4 bilhões em dezembro de 2003. O principal responsável pelo aumento foi o pagamento de juros que corrigem o endividamento. Mesmo assim, o coordenador da Dívida Pública, Paulo Valle, considerou o resultado positivo:

¿ O aumento de 11% foi razoável porque ficou abaixo do custo de captação do Tesouro, que é baseado na Taxa Selic. Ela variou cerca de 15% ao longo de 2004.

Somente em dezembro, a dívida cresceu 3,44% em relação ao mês anterior, devido a uma emissão de R$8 bilhões e à incorporação de juros. Naquele mês, as emissões de títulos somaram R$33,2 bilhões, e os resgates, R$25,2 bilhões.

Ano passado, o governo conseguiu cumprir todas as metas de composição da dívida pública previstas no Plano Anual de Financiamento do Tesouro Nacional (PAF). Segundo técnicos do governo, isso mostra uma melhora no perfil do endividamento.

A parcela da dívida corrigida por papéis prefixados (LTNs), por exemplo, fechou 2004 em 20%, contra intervalo previsto no PAF de 13% a 23%. Em dezembro de 2003, esse percentual era de 12,5%. O governo quer aumentar a participação de prefixados no endividamento porque esses papéis são mais vantajosos, pois permitem previsão de gastos. Já os títulos corrigidos pelo câmbio deixam a dívida mais vulnerável a turbulências no mercado financeiro. A parcela da dívida atrelada ao câmbio recuou de 10,7% em dezembro de 2003 para 5,1% em 2004. O PAF previa um intervalo de 5% a 7%.

Para a parcela da dívida corrigida pela Selic, a meta do PAF era de 50% a 61%. Dezembro de 2004 fechou em 57,2%, contra 61,3% um ano antes.

Mas o governo não cumpriu as metas de prazo da dívida pública. O prazo médio de vencimento ficou em 28 meses, contra uma previsão entre 34 e 38 meses. Quanto mais longo o prazo, melhor a qualidade do endividamento, por serem menores o risco de não haver dinheiro suficiente em caixa para liquidá-lo.