Título: BRASIL RECEBERÁ US$12,4 BI ESTE ANO
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Fonte: O Globo, 20/01/2005, Economia, p. 32

Dos US$40 bilhões em investimentos diretos privados que a América Latina receberá ao longo deste ano, cerca de 31% ¿ ou US$12,4 bilhões ¿ serão aplicados no Brasil. Trata-se de um aumento de pouco mais de US$1 bilhão em relação ao ano passado. A fatia maior ficará com o México: US$16 bilhões (40%). A Argentina receberá nada mais do que US$1,3 bilhão (apenas US$200 milhões acima do índice de 2004).

Esta é a previsão do Institute of International Finance (IIF), que reúne os 340 maiores bancos do mundo. Ao anunciá-la ontem em sua sede, na capital americana, o seu diretor-gerente, Charles Dallara, disse que ¿o sólido comportamento das economias do Brasil e da Turquia continua a impressionar os investidores estrangeiros¿. E, por isso, é provável que esses dois países venham a obter um pouco mais do que o previsto:

¿ Sob o seu novo governo, o Brasil vem superando as melhores expectativas que tínhamos para o país. México e Chile são outros dois países da América Latina que também estão com boa imagem perante os investidores ¿ disse Dallara.

Segundo os banqueiros, as empresas internacionais estão se voltando cada vez mais para os maiores países dos mercados emergentes, como o Brasil, à medida que tais mercados continuam dando sinais de crescimento.

Investimentos entre países emergentes cresceu

Os banqueiros prevêem, no entanto, um crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano: 3,4%. O motivo, segundo eles, é que haverá uma menor demanda interna em conseqüência ¿de uma política monetária mais apertada que está agora em vigor¿. Nas projeções do IIF, a expansão argentina sofrerá um impacto maior: o índice, que foi de 8,3% em 2004, cairá para 5,2% em 2005.

Em seu informe, o IIF destacou ainda um fator que definiu como importante em termos de investimentos diretos nos mercados emergentes: a expansão dos fluxos Sul-Sul, isto é, entre os próprios países dessa área. Segundo o documento, ¿os fluxos entre mercados emergentes agora representam mais de 30% do total dos investimentos estrangeiros diretos aos países em desenvolvimento. Isso é quase o dobro do que víamos em 1995, segundo o Banco Mundial¿.

O clima para os investimentos melhorou muito, a ponto de motivar o IIF a revisar e atualizar as previsões que havia feito em outubro passado. Naquela época os banqueiros estimavam que os países emergentes receberiam US$230 bilhões este ano. Agora a cifra subiu para US$276 bilhões. A maior fatia (60%) deverá ir para a Ásia.

Esse aumento seria um reflexo do enfraquecimento do dólar e da crescente preocupação dos investidores com a sustentabilidade dos fluxos necessários para financiar o déficit em conta corrente dos Estados Unidos:

¿ Essa situação é motivada não especificamente pelo que os países emergentes vêm fazendo em casa, mas sim pelo clima da economia global. É claro que com uma melhora interna um país poderá ampliar as suas oportunidades. No Brasil, por exemplo, ainda há passos importantes a dar em termos de infra-estrutura para o país obter um volume maior de investimentos estrangeiros diretos ¿ disse Dallara.

A perspectiva é obscura para a Argentina, que recebeu US$9 bilhões por ano entre 1995 e 2000. Dallara resumiu:

¿ É muito difícil emprestar para quem não paga o que já está devendo para nós.