Título: SAÍDA PARA O SANTOS SERÁ LIQUIDAÇÃO
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Fonte: O Globo, 20/01/2005, Economia, p. 33

O interventor do Banco Central (BC) no Banco Santos, Vânio Aguiar, já avaliou que saída para o Banco Santos é a liquidação extrajudicial, informou ontem uma fonte graduada ligada ao processo. Segunda essa fonte, Aguiar já informou sua posição a Edemar Cid Ferreira, dono do Santos.

Oficialmente, Aguiar afirmou ao GLOBO que os credores da instituição e a Valora, empresa contratada por Edemar, têm até 11 de fevereiro para chegar a um acordo e evitar a liquidação. Nessa data, Aguiar entregará seu relatório descrevendo a real situação do Santos à direção do BC. O relatório final deverá ser divulgado no dia 14 de fevereiro. Por lei, após a intervenção, se não houver um comprador para o banco ou um acordo entre os credores, restará a liquidação.

¿ A situação do banco é complicada por causa do seu custo fixo, de R$15 milhões ao mês, e não dá para agüentar muito tempo ¿ afirma Aguiar.

O interventor disse que está nas mãos dos credores buscar uma solução para evitar a liquidação. Sobre a proposta apresentada pela Valora há duas semanas aos credores, Aguiar negou que ela tenha sido rechaçada. Segundo ele, fundos de pensão já aderiram. Há duas semanas, a Valora propôs uma espécie de moratória por seis meses, que teria sido rejeitada. O interventor do BC autorizou a empresa a colocar o documento no site do Santos para que os credores se manifestem:

¿ Essa decisão tem de ser rápida e a Valora precisa correr, porque é ela que tem de oferecer atrativos ao BC.

A KPMG, que diz representar credores de R$500 milhões, prepara uma contraproposta, que será apresentada na próxima semana à Valora.

Estima-se que o patrimônio líquido negativo do Santos passe de R$2 bilhões, três vezes o estimado pelo BC no início da intervenção, em novembro.

Segundo outra fonte ligada ao Santos, é difícil calcular o que exatamente o banco poderá receber dos créditos que concedeu. Empresas pegavam, por exemplo, empréstimos do BNDES com a intermediação do Santos, que as fazia investir uma parte do dinheiro por meio da consultoria European, em São Paulo. Esta repassava o dinheiro ao Bank of Europe, com sede em Antígua, que emitia títulos da empresa Alsace-Lorraine, nas Ilhas Virgens Britânicas. O Bank of Europe fazia o endosso dos títulos aos clientes do Santos. Agora, muitos clientes pedem liminares para anular parte dos empréstimos.