Título: DECISÃO PROVOCA CONTROVÉRSIA
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Fonte: O Globo, 22/01/2005, O País, p. 3

A decisão do presidente Lula em autorizar a mudança na cúpula da Embrapa recebeu críticas de setores ligados ao meio ambiente e agricultura familiar, mas foi aplaudida por representantes do agronegócio. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel José dos Santos, disse que a demissão do ex-presidente Clayton Campanhola aprofunda a preocupação com os rumos da Embrapa que, segundo ele, tem uma dívida histórica no que diz respeito à pesquisa para pequenos e miniprodutores rurais.

Para Santos, é obrigação do Estado direcionar recursos para consolidar o setor. Em nota, o sindicato dos Pesquisadores da Embrapa (Sinpaf) não poupou críticas: ¿A direitização deste governo parece irreversível, a democratização da máquina governamental tão sonhada pelos movimentos sociais está cada vez mais distante da realidade¿. Os sindicalistas acusam o ministro Roberto Rodrigues de ter boicotado Clayton Campanhola.

O deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), disse que a Embrapa estava ¿ideologizada¿ sob a direção de Campanhola, a exemplo dos ministérios do Meio Ambiente e da Reforma Agrária. Para Caiado, esses setores vêm criticando o agronegócio, que é o sustentáculo do governo, e impedindo pesquisas na área de transgênicos e meio ambiente.

¿ Se foi dada a chance ao ministro Roberto Rodrigues de fazer a troca, a Embrapa tem grande chance de voltar aos padrões internacionais. Não é prudente que uma empresa de renome internacional penda para um lado (agricultura familiar) ou para o outro (agronegócio). Não se pode ideologizar a área de pesquisa ¿ disse Caiado, que presidiu nos anos 80 a extinta União Democrática Ruralista (UDR).

O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo protestou em nota de repúdio à demissão.