Título: TEMER COBRA DE GAROTINHO CONTA DA CONVENÇÃO
Autor:
Fonte: O Globo, 22/01/2005, O País, p. 10

A política ficou em segundo plano no encontro que o ex-governador Anthony Garotinho, presidente do PMDB fluminense, e o presidente do PMDB nacional, Michel Temer, tiveram anteontem, no Rio. O principal assunto foi dinheiro. Mais precisamente a conta de cerca de R$3 milhões, gastos na realização da fracassada convenção do PMDB que, no fim do ano passado, pretendia levar o partido para a oposição ao governo.

A convenção foi boicotada pela ala governista, que a contestou e ganhou na Justiça. Por isso, Temer não pôde apresentar a fatura à tesoureira do partido, Mônica Oliveira. O estatuto do PMDB estabelece que qualquer despesa deve ser feita de comum acordo pelo presidente e o tesoureiro. Mônica é mulher do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, e, portanto, da ala governista.

Temer tentou driblar o problema confiando em Garotinho, segundo confirmaram fontes do PMDB. Ele prometera bancar as despesas dos convencionais. Mas no encontro, negou os recursos e deixou o presidente do partido numa situação difícil.

Em passagens, partido deve cerca de R$1,4 milhão

Apenas em 800 passagens, o PMDB deve cerca de R$1,4 milhão a uma agência de turismo. Também tem dívidas com o Hotel Carlton, em Brasília, e com restaurantes da cidade.

Após o encontro, Temer e Garotinho tentaram se mostrar unidos e até anunciaram o lançamento de um candidato a líder da bancada, para concorrer com o atual, José Borba (PR). O próprio Temer gostaria de ocupar o posto. Mas, segundo adversários, ele consultou a bancada e viu que não teria mais do que 18 dos 77 votos. Assim, o nome mais cotado passou a ser o do deputado gaúcho Eliseu Padilha (RS), que foi ministro dos Transportes na gestão Fernando Henrique Cardoso.

Garotinho nega ter recebido cobrança

O ex-governador negou, porém, que Temer tenha feito cobranças. Segundo ele, as despesas da convenção foram rateadas entre os diretórios regionais, principalmente do Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul. Garotinho também contesta os números, divulgados por dirigentes da ala governista, e diz que os custos não passaram de cerca de R$300 mil. O PMDB do Rio teria contribuído com pouco mais de R$100 mil. Temer não foi localizado pelo GLOBO.

¿ Ninguém foi me pedir nada ¿ disse Garotinho.