Título: FEBEM: PEDIDA PRISÃO PREVENTIVA DE 32 SERVIDORES
Autor:
Fonte: O Globo, 22/01/2005, O País, p. 11

A Polícia Civil de São Paulo pediu ontem a prisão preventiva de 32 funcionários da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) pelos crimes de formação de quadrilha e tortura. Destes, 23 já tiveram a prisão temporária por dez dias decretada pela Justiça na semana passada e estão presos no 77º DP (Santa Cecília). Outros 20 também foram indiciados, mas por omissão nas agressões aos internos.

Os 32 agentes são acusados de torturar internos da unidade da Febem de Vila Maria, na madrugada do último dia 12. Durante o dia, o presidente da fundação e secretário da Justiça, Alexandre de Moraes, mandou que 25 funcionários fossem levados à delegacia sob acusação de espancamento. A Justiça decretou a prisão temporária de 23 funcionários. Destes, 16 estão presos e sete, foragidos. O prazo da prisão temporária vence hoje.

Adolescentes deram nomes de outros agressores

O inquérito policial foi concluído ontem. Segundo o delegado Naief Saad Neto, titular da 5ª Seccional (Leste), o número de funcionários envolvidos aumentou porque os adolescentes informaram nomes de outros agressores, que posteriormente foram reconhecidos por fotos.

Desde a prisão dos funcionários, o Sindicato dos Trabalhadores da Febem (Sitraemfa) passou a fazer pesadas críticas ao secretário da Justiça, além de afirmar que os fatos fazem parte de uma manobra da fundação para retirar benefícios trabalhistas. Os agentes dizem que o governo estadual está fazendo uma cortina de fumaça para encobrir medidas administrativas para separar os internos mais perigosos.

Polícia abre inquérito para apurar denúncias

A polícia também instaurou ontem inquérito para apurar as denúncias feitas na quinta-feira, dia 20, pelo funcionário da Febem Marcelo Jorge Fayad. O agente afirmou, em entrevista coletiva, que a Febem teve responsabilidade nos fatos ocorridos na unidade de Vila Maria e ressaltou que a instituição sabia que estava pondo a vida de funcionários em risco.

Para a Febem, no entanto, as declarações tentam desviar a atenção do fato de que Fayad estava afastado respondendo sindicância por agressão e que, mesmo assim, sua presença na unidade estava sendo apontada por testemunhas. Apesar de só estar autorizado a prestar trabalhos administrativos, a polícia afirmou que Fayad tem sido citado no depoimento dos menores como um dos agressores no caso da Vila Maria.