Título: DISPUTA INTENSA POR CONCESSÃO DA LOTERIA DA CEF
Autor:
Fonte: O Globo, 23/01/2005, O País, p. 15

A possibilidade de um grande negócio atraiu um número elevado de empresas interessadas em disputar a concessão, pela Caixa Econômica Federal, dos serviços das loterias. A Caixa realizou uma audiência pública no fim do ano passado para tirar dúvidas sobre os editais e 400 pessoas compareceram, representando os interesses de 97 empresas nacionais e multinacionais. Entretanto, pelas exigências dos editais e características dos serviços, somente grandes empresas têm chance de vencer a disputa. Os outros três pregões acontecem nos dias 26, 28 e 31 deste mês.

Gtech e Embratel são fortes concorrentes

Na área de transmissão de dados, o modelo proposto pela Caixa, segundo especialistas, favorece as empresas que já operam em todo o país. Nesse caso, a própria Gtech seria uma forte concorrente, por exemplo, junto com a Embratel, cujos serviços têm abrangência nacional. Empresas que atuam em uma única região teriam que fazer investimentos para expandir seus serviços. Com isso, em tese, estariam em desvantagem no modelo de pregão presencial, onde a empresa que oferecer o menor preço leva o serviço.

No caso dos serviços de distribuição dos volantes e bilhetes, que também serão feitos por uma única empresa em todo o território nacional, a Empresa de Correios e Telégrafos é vista pelo mercado como uma forte concorrente, pela tradição e experiência nesse ramo. Mas a Gtech também possui uma rede própria de distribuição e poderá entrar nessa disputa com chances de vitória.

Multinacional briga para reaver R$70 milhões

A multinacional afirma que as dificuldades de relacionamento com a Caixa Econômica Federal estão restritas ao passado, mas ainda amarga prejuízos com o antigo contrato. A empresa luta na Justiça para desbloquear parte dos R$70 milhões de seu faturamento e de ativos imobilizados por causa de uma ação iniciada pela procuradora da República Raquel Branquinho. O argumento principal da Gtech é que os cálculos que determinaram o bloqueio dos recursos para compensar perdas com o contrato já foram revistos pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

No ano passado, a Gtech viu-se envolvida no escândalo do ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, acusado de praticar tráfico de influências enquanto trabalhava no governo e pagar propina a um bicheiro. O ex-assessor ainda está sendo investigado pela Polícia Federal.