Título: EM DAVOS, A RESPONSABILIDADE DE CADA UM
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Fonte: O Globo, 23/01/2005, Economia, p. 37

Sob a proteção de 5.500 soldados do Exército suíço, a reunião anual do Fórum Econômico Mundial, o mais importante encontro de líderes empresariais e políticos do mundo, na estação de esqui de Davos, na Suíça, começa na quarta-feira sob o tema ¿Assumindo responsabilidades para escolhas duras¿. Quem vai abrir o encontro é o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que foi acusado de fazer ¿a escolha irresponsável¿ ao optar por invadir o Iraque, ao lado de George W. Bush. Desde o último fórum, estouraram vários escândalos sobre a guerra, inclusive de torturas na prisão de Abu Ghraib.

O tema é um lembrete aos novos e velhos líderes que vão começar agora uma nova fase no poder, como George W. Bush, com seu segundo mandato, ou Mahmoud Abbas, recém-eleito presidente da Autoridade Palestina. Ambos terão que fazer opções difíceis que podem alterar o curso da História para melhor. Ou para pior.

¿ Estamos num momento crucial para o mundo e para os líderes. Há vários novos começos, da nova presidência da Comissão Européia à eleição do presidente da Autoridade Palestina, à nova liderança na Ucrânia. Líderes de todos os setores da sociedade virão a Davos para discutir formas de melhorar o estado do mundo ¿ disse o presidente do fórum, Klaus Schwab.

O presidente Lula é um dos 23 chefes de estado e de governo confirmados para participar do encontro, que terá 2.250 participantes de 96 países e mais de 200 sessões, uma delas dedicada ao Brasil. Outros são: o novo líder da Ucrânia, Viktor Yushchenko, os presidentes da República Tcheca, Vaclav Klaus, e da África do Sul, Thabo Mbeki, além de personalidades de países que estão na mira de Washington, como o Irã.

O presidente Lula terá 30 minutos para falar no principal plenário do Fórum, no dia 28. Será a ocasião para conquistar a ávida platéia de executivos das grandes empresas. Em 2003, logo após sua vitória nas urnas, o presidente se viu diante uma platéia de desconfiados que, na sua maioria, haviam apostado contra sua eleição. Saiu elogiadíssimo, após deixar claro que seu projeto passava por colocar ordem nas contas, com disciplina fiscal e monetária. É o tipo de discurso que os participantes de Davos adoram. Agora, dois anos depois, Lula vai falar dos resultados e testar a reação. Mais de 50% dos participantes do fórum são empresários.

Celso Amorim discutirá os rumos do comércio

O governo brasileiro não perdeu tempo e está organizando um encontro paralelo com empresários, num esforço para atrair mais investimentos para o país. Lula irá a Davos acompanhado de quatro ministros: Antonio Palocci, da Fazenda; José Dirceu, da Casa Civil; Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; e Celso Amorim, das Relações Exteriores. Além deles, irá o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Amorim participará de um encontro com vários ministros de Comércio para discutir o futuro das negociações da Rodada de Doha. O colunista do GLOBO Merval Pereira vai mediar um almoço-debate sobre o Brasil.