Título: Países pobres serão minoria no Fórum Social
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Fonte: O Globo, 24/01/2005, Economia, p. 17

A África terá poucos representantes no Fórum Social Mundial (FSM), que começa esta semana, em Porto Alegre. O quadro é comum aos encontros antiglobalização, que costumam defender os mais pobres. A grande maioria dos participantes da quinta edição do Fórum, que acontece entre 26 e 31 de janeiro, é do Brasil, dos Estados Unidos, da França, da Itália e da Ásia.

No entanto, a África, que poderá sediar o FSM em 2007, estará ausente, apesar de ser o continente mais pobre do planeta. O Fórum debaterá temas cruciais para a região, como a luta contra a pobreza, a ajuda ao desenvolvimento ou o perdão da dívida dos países pobres.

Dependência dos países ricos enfraquece negociações

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a África Subsaariana, sufocada pelas dívidas, representa 10% da população mundial e menos de 1,5% do comércio internacional, uma situação agravada pela globalização, que ameaça, por exemplo, o cultivo do algodão e o setor têxtil.

¿ É muito caro ir a Porto Alegre ¿ diz Dale McKinley, porta-voz da principal organização não-governamental (ONG) antiglobalização africana, o Fórum Antiprivatização. ¿ Entre 40 e 50 pessoas da África Austral foram ao Fórum em Mumbai e serão aproximadamente as mesmas que irão este ano.

Segundo Angela Wauye, responsável pela ONG Action Aid Kenya, o problema dos militantes antiglobalização é a dependência da ajuda dos países desenvolvidos e das grandes instituições mundiais, o que, diz ela, enfraquece a capacidade de negociar de forma equitativa.