Título: FÓRUM: REDUÇÃO DA POBREZA DEPENDE DE EMPRESAS
Autor:
Fonte: O Globo, 24/01/2005, Economia, p. 17

Os líderes globais não estão fazendo o suficiente para cumprir suas promessas de reduzir a pobreza e proteger o meio ambiente. Esta é a conclusão do relatório deste ano da Iniciativa de Governança Global (GGI, na sigla em inglês), a ser divulgado hoje pelo Fórum Econômico Mundial. A pesquisa mostra que corporações e governos não fizeram em 2004 nem a metade dos esforços necessários para atingir as Metas do Milênio, estabelecidas pelas Nações Unidas em 2000. Mas afirma que o quadro pode mudar este ano se as empresas privadas usarem seu potencial.

O mundo acabou de ver um exemplo disso após a tsunami que arrasou o Sudeste da Ásia, segundo Gareth Evans, presidente do Grupo de Crises Internacionais da GGI:

¿ O desastre demonstrou de forma clara que somos uma família, suscetível a riscos comuns, e que temos uma responsabilidade conjunta de enfrentar esses riscos.

A GGI lembra que algumas das maiores empresas do mundo estão apoiando os trabalhos de ajuda às vítimas, fazendo doações e oferecendo equipamentos e serviços.

Em 2004, em todas as áreas ¿ pobreza, fome, educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos, paz e segurança ¿ foi feito menos da metade do necessário para um mundo mais próspero. O estudo considera uma escala de zero a dez, onde zero é retrocesso e dez, o cumprimento das metas. Menos da metade equivale às notas 3 e 4, o que significa que não houve melhora frente a 2003.

A GGI sugere quatro maneiras de as empresas contribuírem para atingir as Metas do Milênio (são elas: erradicar a fome e a pobreza extremas, atingir a educação primária universal, promover igualdade entre os sexos, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a condição de saúde das gestantes, combater a Aids e outras doenças, assegurar um meio ambiente sustentável e criar parcerias globais para o desenvolvimento até 2015). A primeira é a criação de produtos para enfrentar desafios globais e encontrar formas rentáveis de oferecer bens e serviços por preços razoáveis aos pobres.

Outra proposta é fazer parcerias com entidades filantrópicas, oferecendo tratamento de doenças, e com empresas de serviços públicos, para o fornecimento de água. A terceira consiste em filantropia e investimento social estratégico. A última é a participação responsável das empresas no diálogo sobre políticas públicas.

¿ O relatório deixa claro que 2005 será um ano de tudo ou nada para as Metas do Milênio ¿ disse Richard Samans, diretor do Instituto para Parcerias e Administração do Fórum.

O relatório será discutido no Fórum de Davos, que começa depois de amanhã.